Cidades do litoral entraram na rota dos bandidos. Estudo traz panorama completo de onde os crimes ocorrem e quais os modelos de caminhões e tipos de mercadorias mais visados
Menos caminhoneiros foram vítimas dos criminosos, no Estado de São Paulo, em 2023. É o que revela o Boletim Tracker-Fecap, que acaba de ser divulgado. Entre janeiro e dezembro, o número de furtos caiu 14% e o de roubos 30%, totalizando uma redução média de 27% nas ocorrências, na comparação com o ano anterior. Ainda assim acontecem, em média, cinco crimes desta natureza por dia, no Estado.
|
“A redução no número de ocorrências é sempre uma boa notícia. Podemos correlacionar a evolução tecnológica aplicada nos veículos pesados junto com o acompanhamento da dirigibilidade do motorista. Essa combinação forma uma importante ferramenta de sucesso na redução do risco. O Grupo Tracker possui alta tecnologia diferenciada no mercado com redundância nos protocolos de comunicação com GPS/GPRS, radiofrequência e mais um canal autônomo. Esta tecnologia com inteligência embarcada aliada a uma operação robusta na área de comando com pronta-resposta terrestre e aérea são fundamentais na segurança do patrimônio do transportador”, destaca a diretora de Marketing e Vendas do Grupo Tracker, Ana Cardoso.
Para o coordenador do Departamento de Pesquisas em Economia do Crime da FECAP, Erivaldo Costa Vieira, “a diminuição observada pode ser parcialmente atribuída à postura mais assertiva adotada pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), que registrou um incremento de 8% no número de operações, em comparação com o ano de 2022. Como consequência, o número de recuperação de veículos cresceu 18% no mesmo período, passando de 41.927 veículos recuperados em 2022 para 49.366 em 2023. Quando a polícia intensifica os esforços em busca, recuperação e prisão dos envolvidos, envia um sinal forte aos criminosos, contribuindo para a redução do número de crimes”, analisa.
O estudo Tracker-Fecap também analisou os boletins de ocorrência referentes a cargas. Em 2023, houve uma redução de 14% nos roubos e furtos, na comparação com 2022. Foram 5929 ocorrências, uma média de 16 por dia.
|
Cidades
No caso dos veículos pesados, a capital e Guarulhos são as cidades que lideram o ranking, o que se justifica pela densidade populacional. Chama atenção também o alto índice de ocorrências em Jundiaí, conhecida por infraestrutura de transportes, e Campinas, importante polo econômico do estado.
|
Os bairros mais perigosos são Vila Maria (34 eventos), Vila Leopoldina (19), São Domingos (16), Jaçanã (11), Vila Guilherme (9), seguidos por Jaraguá, Socorro, Jardim São Luis, Pari, Parque Novo Mundo e Perus (todos com 8 ocorrências).
|
O especialista da FECAP destaca a dispersão geográfica das ocorrências. Os dados indicam que, ao invés de se concentrarem em poucos pontos críticos, tais crimes estão distribuídos por toda a cidade, o que complica as estratégias de prevenção e resposta das autoridades. “Isso exige uma análise mais profunda dos padrões de crime, talvez através da utilização de tecnologias de big data e algoritmos preditivos que podem mapear tendências emergentes e orientar a alocação de recursos de forma mais eficiente e em tempo real”, analisa Erivaldo Costa Vieira.
O estudo também tem implicações para as estratégias das empresas de logística e para os seguradores. “O padrão disperso dos roubos e furtos indica que medidas de segurança não podem ser apenas localizadas, mas devem ser extensivas e integradas, potencialmente incluindo sistemas de rastreamento aprimorados, protocolos de resposta rápida e treinamento de motoristas para práticas de direção defensiva”, alerta Ana Cardoso.
Marcas e modelos
Os dez primeiros modelos listados somam 23% do total de ocorrências, o que indica que nenhum modelo específico é desproporcionalmente visado.
|
Roubo e furto de cargas – Cidades
Quanto às cargas, os dados do Boletim Tracker-Fecap revelam que as cidades do litoral estão na mira dos criminosos. São Vicente, Praia Grande e Guarujá estão entre as 10 mais perigosas. Isso mostra uma clara relação com a expansão do crime organizado na região.
|
Na capital paulista, os bairros com mais ocorrências são os mais afastados do centro, “que evidenciam uma problemática mais ampla de segurança urbana nas áreas periféricas da cidade”, afirma o coordenador do Departamento de Pesquisas em Economia do Crime da FECAP. “Nestas regiões, há um perfil específico dos bens visados: itens de baixo valor individual, porém de alta liquidez, como alimentos, cigarro e bebidas, que são atraentes para os criminosos devido à facilidade de revenda em mercados informais e com baixa fiscalização”, complementa, Erivaldo Costa Vieira.
|
|
Mercadorias mais roubadas
|