Agenda do clima pode impulsionar imagem do seguro

Mitigação ou adaptação? Setor de seguros integra discussão sobre a criação de cidades resilientes em debate promovido pelo Instituto Clima e Sociedade
Carol Rodrigues

Dyogo Oliveira (CNseg) e Maria Netto (iCS)

O fato de o Brasil ser cada vez mais afetado pelos efeitos extremos climáticos, vide a tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul, torna emergencial as discussões sobre as soluções para minimizar os impactos na sociedade, especialmente na população residente em áreas vulneráveis. É essa a proposta do Instituto Clima e Sociedade (iCS) ao reunir integrantes de diversos setores para discutir “The Impacts of Climate. Change: How to scale up adaptation finance and build resilient cities” durante evento realizado em julho, no Rio de Janeiro.

“É um problema societal, que afeta todo mundo. Como trabalhar melhor em conjunto com seguros, ciência e bancos para pensar e entender tipos de formas de investir em restauração de infraestruturas para integrar essa realidade que, infelizmente, está chegando e como podemos atuar para preparar as populações que estão nessas regiões”, destacou Maria Netto, diretora-executiva do iCS, sobre a discussão que consiste em como coordenar e melhorar esse trabalho para preparar a sociedade para uma situação que não vai mudar.

“O ritmo que as mudanças climáticas acontecem não permite mais que trabalharemos no ritmo que seguíamos. Quanto mais tempos esperarmos, mais caro se torna”, assinalou Jorge Gastelumendi, Global Policy Director Atlantic Center.

Se há algo que o mercado de seguros é especialista é em gestão de risco, por isso as empresas do setor têm muito a contribuir para a compreensão, mitigação e adaptação.

“Os seguros têm diferentes papéis nessa agenda, tanto em ajudar a entender os riscos como a ser parte da solução em termos de prevenção”, reconhece a diretora do ICS.

“O enfrentamento da crise climática vai exigir o maior esforço de coordenação entre pessoas, empresas, governos, instituições, universidades, centros de pesquisa, porque tem uma característica muito particular”, descreve Dyogo Oliveira, CEO da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).

“Não ter investimentos em adaptação representa um aumento considerável do dano no futuro causado pela mudança climática no futuro. O seguro já é um instrumento de gestão de risco climático”.

A população vulnerável é a mais afetada e essa é a grande perversidade da mudança climática, na visão do presidente da CNseg. Por isso, é importante pensar no seguro social.

“Antes de falarmos da perda financeira e econômica temos de falar das perdas em vidas e nas vidas das pessoas impactadas pelo evento. É uma relação nexo causal. Como transferir risco? Entendendo o risco. O que aconteceu no RS, já aconteceu e vai continuar acontecendo. Esses riscos existem”, destaca Antônio Jorge Rodrigues, head da Howden Re Brasil.

Preparando os Estados

Rodrigo Perpétuo, Executive Director for South America do ICLEI, associação mundial de governos locais e subnacionais dedicados ao desenvolvimento sustentável, falou sobre a criação de mecanismos de seguro para infraestruturas urbanas resilientes, que tem a CNseg também como parceira. “O objetivo é fazer com que exista um mercado consolidado de seguros para as cidades. O projeto requer cuidado com os dois lados: cidades, que não estão acostumadas a contratar seguro, e a oferta, por meio do desenho do seguro paramétrico”.

Para Renato Casagrande, governador do Estado do Espírito Santo (foto), a adaptação é um pilar do programa de mudanças climáticas. “Não dá para pensar em adaptação sem pensar em mitigação. Defendemos que cada estado tenha o seu programa de mudanças climáticas, pois dá a diretriz da direção em que vamos caminhar. É preciso que o estado esteja equilibrado. Mitigação exige recurso e adaptação necessita de dinheiro para que possamos fazer as obras. Temos que ter os programas e ter capacidade de buscar financiamentos e buscar recursos próprios”, observou.

Ciente de que os estados e municípios têm papéis a cumprir com relação às mudanças climáticas, o governador do Estado do Espírito Santo, falou sobre o Consórcio Verde, atualmente integrado por 15 estados.

Conteúdo da edição de julho (266) da Revista Cobertura

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