Transição de carreira na maturidade: desmistificando mitos e explorando novas oportunidades

*Gleisson Rubin, diretor do Instituto de Longevidade MAG e Previdência

Gleisson Rubin

A transição de carreira para o público longevo é um tema que provoca algumas reflexões que parecem desmontar a visão de senso comum segundo a qual o conceito de aposentadoria se confunde com o de inatividade produtiva. Durante muitos anos, a visão predominante era a de que, ao se aposentar, o indivíduo se afastaria completamente do mercado de trabalho, deixando de exercer qualquer tipo de contribuição produtiva.

No entanto, a realidade apresenta um panorama diferente. Segundo a pesquisa ‘Transição de Carreiras na Maturidade’, realizada pela Maturi e NOZ Inteligência, 68% das pessoas com idades entre 43 e 82 anos estão atualmente buscando ou realizando uma mudança/transição de carreira. Desses, 25% estão buscando ativamente uma mudança de carreira, 17% já realizaram ou estão realizando uma mudança de carreira, e 26% consideram uma mudança, mas ainda não iniciaram o processo.

Muitos profissionais aposentados estão reconsiderando suas trajetórias e explorando novas oportunidades de carreira, seja por necessidade financeira ou pelo desejo de se engajar em uma atividade diferente da que desempenharam por anos. Uma analogia útil é a do atleta que, ao se aposentar, não para de contribuir; ao invés disso, inicia uma nova fase como técnico, comentarista, consultor, formador de novos talentos ou até mesmo em um campo de trabalho completamente distinto. Da mesma forma, os profissionais maduros também buscam novas formas de se realizar e contribuir para o mercado.

Um fator crucial na transição de carreira é o planejamento financeiro. Embora a mudança de carreira seja motivada por uma busca de maior satisfação ou realização, o aspecto financeiro continua a desempenhar um papel central. A pesquisa revela que metade dos respondentes enxergam no processo de transição de carreira a oportunidade de buscarem um trabalho que lhes proporcione o retorno financeiro que a ocupação anterior não foi capaz de assegurar. Dessa constatação poderíamos derivar a conversa para uma série de outras hipóteses. Entre elas, lacunas de qualificação, falta de reconhecimento e prestígio de algumas ocupações e por aí vai.

Para superar esses desafios, é essencial adotar práticas de longevidade financeira o quanto antes. É preciso entender que uma transição de carreira dissociada de um planejamento cuidadoso representará precisamente a distância entre a expectativa e a realidade. Trata-se de um processo que talvez necessite de um certo recuo antes de se seguir em frente.

Normalmente, a transição de carreira envolve um tripé composto por tempo, dinheiro e risco. Com menos tempo disponível, é necessário contar com mais dinheiro e/ou estar disposto a assumir maiores riscos. Na maturidade, o ideal é mitigar esses riscos, dado o menor tempo para recuperação. No entanto, com o aumento da longevidade e a crescente valorização da experiência, as oportunidades estão se diversificando, permitindo que os profissionais maduros não apenas permaneçam ativos, mas também prosperem em novas funções e setores.

Por fim, a transição de carreira na maturidade não é apenas uma possibilidade, mas uma realidade em expansão. Com segurança financeira e uma mentalidade aberta, os profissionais maduros podem não apenas enfrentar, mas também abraçar as novas oportunidades que surgem no mercado de trabalho, garantindo uma transição tranquila e bem-sucedida.

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