Apesar dos lockdowns em diversas cidades do país, Ibovespa encerrou março com alta de 6%. Mesmo com alta das commodities, moeda brasileira acompanha incertezas fiscais e se mantém desvalorizada
Longe da máxima do ano em 125.076 pontos atingida em janeiro, o Ibovespa encerrou o mês de março com alta de 6% impulsionado não só pelas commodities, mas também por empresas que tendem a se beneficiar com a reabertura da economia. Apesar dos números da pandemia estarem aumentando a cada dia em relação a número de casos e óbitos no país, o mercado avalia de forma positiva as campanhas de vacinação.
Para Flávio Aragão, sócio da 051 Capital, escritório que oferece planejamento e gestão de patrimônio com R$ 2 bilhões sob custódia, é preciso observar como evoluem três pontos principais no mês de abril: juros, vacinação e andamento das reformas administrativas e tributárias.
“Estou ficando mais otimista. Se o pico da segunda onda da pandemia estiver próximo, o horizonte pode ficar mais claro e reduzir o risco do capital, além de ser positivo para o mercado” diz Flávio Aragão, sócio da 051 Capital, escritório que oferece planejamento e gestão de patrimônio com R$ 2 bilhões sob custódia.
Para o especialista, o mês de março foi positivo ainda que tenham acontecido diversos lockdowns pelo país, além de uma cena política muito agitada.
“Vimos em março números desastrosos na pandemia que ninguém esperava no ano passado. A última reunião do Copom mostrou uma mudança drástica na postura do Banco Central. Nossa bolsa subiu pouco perto de outras economias pelo mundo. O que surpreendeu foi que, apesar das restrições terem aumentado em diversas cidades pelo país, o mercado não precificou isso porque não é mais novidade”, comenta.
Já Rossano Oltramari, estrategista e sócio da 051 Capital, observa que, com os preços das commodities em alta, a tendência seria o real também ficar mais valorizado, como é comum acontecer quando as commodities sobem. Mas com as incertezas fiscais no Brasil, principalmente com a pandemia e a necessidade de estímulos como o auxílio emergencial e com a pressão sobre as contas públicas, isso não tem acontecido.
“Estamos vendo o contrário aqui com a moeda do país produtor se desvalorizar num ciclo forte de valorização das commodities. Um dos motivos é o risco que existe atualmente fiscal e político. A gente tem uma situação muito conturbada e turbulenta acontecendo com a pandemia. E estamos discutindo política muito fortemente desde o começo da pandemia. Além disso, o Brasil, diferente de outros países, não conseguiu acelerar a vacinação e estamos pagando o preço desse atraso”, comenta.
Para Aragão, o momento é de aumentar posições na bolsa para “surfar” no aumento de confiança que vai vir com a vacinação se expandindo pelo país. “Se o cenário de confiança vier, teremos aumento de consumo, demanda de serviço, aumento da confiança do empresário, surgimento de vagas de emprego e aí sim podemos ter uma perspectiva de crescimento, principalmente, para o segundo semestre. No ano, corremos o risco de crescer mais do que em 2019. Se essa retomada acontecer, sem influência política atrapalhar, podemos ter um semestre bem positivo”, completa.
Fonte: Hochmuller Multimídia