Corretora celebra 30 anos com uma estratégia peculiar de trabalho, inclusive unindo seguradoras na comercialização de produtos, conforme o fundador Elizeu de Oliveira
Carol Rodrigues
O economista Elizeu Augusto de Oliveira, presidente da Protege Corretagem de Seguros, é testemunha de que, às vezes, um acontecimento desagradável pode servir para impulsionar a pessoa para mais longe. “Primeiro, tenho a agradecer a Deus e depois ao Collor, que me deu um empurrão. Fui demitido para contratar pessoas”, lembrou o corretor, entre risos.
Sim, o Collor ao qual se refere é o ex-presidente e atual senador. Ele demitiu Elizeu em 1990 da empresa pública de economia mista Datamec S.A., na qual atuava como analista e coordenador comercial de sistemas para clientes corporativos.
Era o começo de um novo ciclo para Elizeu que, em outubro de 1991, fundava a Protege Corretagem de Seguros, em Brasília (DF). “No começo, tive uma ajuda da minha ex-esposa (Maria Elizabeth Esmeraldo), que cedeu a escrivaninha de seu Consultório de Psicologia que levei para uma sala no Edifício São Paulo”, disse sobre a sala que era ocupada pelo Henderson de Souza Vieira, ex-superintendente da Sasse, que posteriormente se tornaria em Caixa Seguros.
Assim começava a Protege, com uma escrivaninha presenteada pela ex-esposa e um cantinho de uma sala cedida por um amigo. A partir de então, Oliveira trilhou uma carreira de sucesso no mercado de seguros. Pós-graduado pela FGV em Análise e Desenvolvimento de Projetos e MBA em Seguros e Resseguros pela ENS, o corretor é acadêmico da ANSP, foi presidente do Sincor-DF por dois mandatos e atuou como diretor da Fenacor.
A arte de cartonar
“Uma das coisas mais edificantes é vender seguros de porta em porta. Nós construímos uma carteira com a Porto Seguro, que funcionava no Setor Comercial Sul e tinha um produto para Condomínios”, contou.
Na época, o presidente da Protege foi em busca dos edifícios e construiu uma carteira de seguro Condomínio. “Isso deu uma sustentação para a gente”.
Na sequência, ele começou a fazer seguros de parcerias de Vida. O seguro de Vida está no DNA da Protege. “Se fui demitido da Datamec, por que não fazer seguro para os empregados de lá?! Eu já tinha o trânsito e fui bater na porta deles com monte de cartão-proposta da SulAmérica debaixo do braço”, relembrou ao dizer que fechou muitos na ocasião.
Logo após o início, o irmão de Elizeu, Benival da Silva Santana, foi sócio na Protege e contribuiu em cartonar, que é fazer seguro de vida um a um. Essa foi a estratégia de Elizeu para vender seguro de Vida no início da Protege. “Fizemos seguro de Vida cartonado de agenciamento de porta a porta há 30 anos. Tenho muito orgulho disso”.
30 anos de um legado
Com o entusiasmo de quem começa algo novo todos os dias, Elizeu reuniu executivos de seguradoras, corretores, parceiros e clientes na comemoração dos 30 anos da Protege, em junho, no Coco Bambu no Lago Sul, em Brasília.
A data foi celebrada com o crescimento de 37% obtido em 2022 e a compra do Edifício Capemisa, onde está localizada a sua sede há nove anos.
Durante o evento, ele fez uma retrospectiva da história da Protege e de personalidades importantes em sua trajetória, inclusive os atuais e os ex-colaboradores. “Formamos um grande time competente e comprometido ao longo desse tempo”, disse o fundador, ao destacar também a importância do apoio da esposa Glenda Carvalho e dos filhos.
Em sua trajetória, a Protege passou a segurar vários centros comerciais, , inclusive provenientes de um corretor de seguros. “Quero honrar esses parceiros que são concorrentes do ponto de vista ético e que constroem o mercado de forma séria”.
A Protege possui parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), com a qual oferta produtos para mais de um milhão de advogados.
Conforme o corretor, desde maio deste ano a Protege fechou uma parceria importante com o Banco Master para alguns produtos inovadores. “Temos vocês como grande pilar dentro do banco. É um segmento que estou mostrando para o banco que tem muito futuro”, destacou Marcelo Ventura, gerente comercial de Novos Negócios Brasil do Banco Master.
O case das redes lotéricas iniciado em 1996
Jodismar Amaro, presidente da Federação Brasileira das Empresas Lotéricas (Febralot), conheceu a Protege em 2001, período em que a rede lotérica era subjugada pela Caixa Seguros. “Havia um monopólio agressivo, em que a Caixa cobrava o que queria e a rede não tinha opção. Procuramos o Elizeu em São Paulo, conversamos e combinamos que ele tentaria criar concorrência. Graças a Deus, ele conseguiu. No primeiro ano, o seguro da Caixa Seguros saiu pela metade. A imensa maioria da rede lotérica não sabe, mas a Protege foi de fundamental importância no equilíbrio econômico e financeiro da rede lotérica. Deixo o agradecimento de toda a rede lotérica, da federação e do sindicato”, reconheceu Amaro.
O presidente da Protege lembrou que, quando entrou nesse mercado, em 1996, o prêmio médio anual de uma casa lotérica para seguro de roubo de valor era elevado. “Além disso, houve o aumento da importância segurada significativamente. Com o passar do tempo, conseguimos fazer a gestão do risco. Para tanto, realizamos reuniões incansáveis com as áreas de loterias da Caixa, comandadas à época pelo senhor José Maria Nardeli, que nos permitiu criar um produto inovador. Fazer o preço cair é mérito de um esforço conjunto – Protege, Caixa e Sindicatos – em torno da Federação, que permitiu à Protege criar e ampliar seus negócios com os Correspondentes, Caixa Aqui e Correios Franqueados, crescendo como especialista em seguros empresariais. Nós fazemos gerenciamento de risco e consultoria”, contou Oliveira.
A capitalização
Em 2000, teve início o trabalho no segmento de Capitalização com o case Top Vida que, em edições de suas séries Título + AP), chegou a comercializar 12,5 milhões títulos. “Dando continuidade alguns anos depois, em 2007, com o advento da proibição das loterias estaduais criadas após 1988, levamos como solução para vários estados a criação de produtos com características de sorteios semanais com as parceiras SulaCap, American Life e Unibanco para os estados (SC, MG, RN, CE, PR, entre outros), comercializando semanalmente mais de 1 milhão de títulos nestas praças”, relembrou o presidente da corretora.
A Protege representa a Capemisa em um contrato há muitos anos no segmento de capitalização. Segundo Elizeu, o trabalho consiste em levar a Capitalização da Capemisa para outras seguradoras e promoções comerciais. Recentemente, uma grande seguradora migrou o sorteio de seus produtos da concorrência para a Capemisa Capitalização.
Vale lembrar que a própria fundação da Capemisa Capitalização está ligada ao fundador da Protege. “A Capemisa Capitalização existe por causa de Elizeu”, ressaltou Laerte Tavares, presidente do Conselho da seguradora.
Segundo ele, a Capemisa vendia somente seguros há alguns anos e o incentivo do corretor foi importante para começar a operar em capitalização. “Eu já tinha a intenção de montar a Capemisa Cap para dar suporte às operações de seguros e, ao ingressar, atenderia às solicitações do Elizeu. Hoje é uma empresa próspera, produtiva, gerando resultados muito bons para a Capemisa Seguradora, que é a investidora principal da capitalização”, comentou Tavares.
“Faço questão de reforçar a grandeza desta parceria que já dura mais de 16 anos”, pontuou Márcio Carvalho, presidente interino da Capemisa Capitalização.
Alguns momentos marcantes da Protege
1991 | Abertura do primeiro escritório no Edifício São Paulo, sala 207 – Brasília (DF), onde permaneceu até 1995
1995 | Passa a administrar o seguro de vida de todos os policiais civis do Distrito Federal, trabalho realizado durante três anos
1996 | Aquisição da primeira sede própria no Edifício São Paulo, salas 524 e 525. O segundo escritório ocupou duas salas até 1998
– Assinatura da parceria entre a Protege e a
Minas Brasil para o lançamento do Seguro Lotérico
1997 | Fechamento da parceria de seguro Saúde PME SulAmérica para os lotéricos
1998 | A sede muda para um andar inteiro no Edifício OK, reformado e reestruturado para receber o time da corretora
– Implanta o seguro Viagem nos Correios e o RC Aeroportuário para todo o território nacional
– Fecha a parceria com a Magnatex S.A em Juiz de Fora (MG), a SulAmérica Seguros Gerais e SulaCap para a criação e o lançamento em território nacional, venda de seguros e títulos de capitalização por marketing de rede Auguri Cap e Auguri Vida
1999 | É aberta em Manaus (AM) a primeira unidade fora do DF, batizada como Protege da Amazônia
– Criação do seguro de Acidentes Pessoais para embarcados oficialmente no Porto de Manaus, seguro de Transporte de Petróleo em balsas, além de comercializar o seguro de RC de Operações Portuárias
1999/2000 | Criação do seguro paraMultirrisco com cobertura para roubo de valores para Correios Franqueados fruto de uma parceriaentre Protege, Caixa Seguros e Correios
2000 | Participa da 4a reunião Mundial de Corretores de Seguros em Lisboa (Portugal)
– Lança o seguro de Vida para as indústrias de Manaus filiadas à AFICAM
2007 | Cria os títulos de capitalização para várias praças agregados ao AP, comercializados de forma massificada em vários estados com a SulaCap, American Life e Unibanco
2010 | Início das ações de vendas do Seguros Lotéricos com a Porto
2013 | A Protege se instala em um andar reformado e reestruturado no Edifício Capemisa
2016 | Lança o projeto de Franquias inicialmente com o Sindicato dos Lotéricos do estado do Rio de Janeiro
2017 | Apresenta o projeto de Franquias ao Sindicato dos Lotéricos de São Paulo e executivos públicos e privados no Hotel Slaviero da Alameda Campinas
– Inaugura a franquia do Estado de Goiás,na cidade de Anápolis e marca presença na Expo Anápolis
– Abre a franquia em Santos (SP)
2018 | Início da franquia de Itaboraí (RJ)
– Abertura da franquia em Recife (PE)
2019 | Inauguração da franquia de Uberlândia (MG)
2020/2021 | Abertura da franquia em Palmas (TO)
2021 | Protege completa 30 anos
2022 | A corretora compra o Edifício Capemisa onde está localiza a sua sede desde 2013. A aquisição visa a expansão de negócios em soluções financeiras e tecnológicas aplicadas à comercialização de seguros e produtos análogos
Conteúdo da edição de julho (244) da Revista Cobertura