Inteligência Artificial aplicada ao Direito reduz estoque de processos e acelera realização de acordos
A digitalização nas empresas brasileiras aumentou no último ano, principalmente com o uso de tecnologias emergentes como Big Data, Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT) e Robôs, por exemplo. É o que revelou a pesquisa TIC Empresas 2021, desenvolvida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), divulgada em setembro. Segundo o levantamento, entre as empresas de pequeno, médio e grande porte, 13% investiram em soluções de Inteligência Artificial no ano passado, índice que chega a 39% nas grandes corporações.
Ao analisar as principais aplicações da IA no ambiente corporativo, a pesquisa apontou que 73% utilizam a tecnologia para automatização de processos de fluxo de trabalho, 32% para reconhecimento e processamento de imagens e 19% para predição e análise de dados, com uso de machine learning e deep learning. “O estudo demonstra que cada vez mais as empresas estão buscando soluções tecnológicas para otimizar os seus departamentos e, no Direito, isso não é diferente. O uso dessas ferramentas tem sido um grande aliado na gestão jurídica das empresas dos mais variados tamanhos, pois fornece subsídios para que a tomada de decisão seja baseada em dados reais”, explica Vanessa Louzada, CEO da Deep Legal, lawtech especializada em inteligência e gestão preditiva.
Entre as vantagens da aplicação da IA no Direito está a automatização de processos que antes eram feitos de forma manual e demandava muito tempo, reduzindo as chances de erro e permitindo um acompanhamento em tempo real das ações em tramitação. “Com a tecnologia, os algoritmos fazem este trabalho repetitivo, deixando para o profissional as atividades estratégicas. A análise preditiva dos casos indica o caminho a ser seguido e de que forma cada processo poderá ser conduzido pelo advogado”, destaca Vanessa Louzada.
Uma das corporações que investiu recentemente em soluções de Inteligência Artificial para a gestão jurídica é a seguradora Generali Brasil que, em um ano, reduziu em 20% o estoque de ações judiciais e acelerou a resolução de conflitos. De acordo com dados da empresa, são analisados diariamente entre 2 mil e 3 mil processos, que passaram a ser monitorados com a tecnologia desenvolvida pela Deep Legal.
“Antes, a gente fazia análises manuais e errava muito. Uma pessoa ficava com muitos processos e, quando você tem mil ações por advogado, você foca nas principais. Hoje, não temos diferenciação, focamos em todas e o próprio sistema aponta quais são as principais”, afirma Alexandre Muniz, VP e diretor de TI da seguradora.
Entre os benefícios da adoção da tecnologia, a empresa destaca a possibilidade de diferenciar com mais precisão os processos que são reais, daqueles que se configuram como tentativas de fraude e também a entender a origem da reclamação do cliente para melhorar produtos e coberturas de seguro, por exemplo. Além disso, o uso da Inteligência Artificial facilitou a gestão de caixa da empresa, permitindo uma previsibilidade dos gastos e antecipando os valores que precisam ser reservados para as ações em tramitação na Justiça.
Para Vanessa Louzada a provisão financeira é uma das principais vantagens que a tecnologia aliada ao Direito fornece às empresas. “Com a transformação digital no setor é cada vez mais essencial que os gestores percebam o jurídico como investimento, utilizando as soluções tecnológicas para reduzir custos e acelerar a conclusão das ações, de modo mais efetivo,” explica.