Setor de saúde precisa de união e de um grande esforço de comunicação

Café de Negócios do Sindiplanos discute longevidade da população, que também terá maior índice de obesidade, avanço da tecnologia aplicada à saúde, uma eficaz comunicação sobre o uso do plano e a atuação do corretor

Durante toda a manhã de 20 de junho, o status do setor de saúde suplementar foi debatido no Café de Negócios do Sindiplanos, que reuniu representantes de entidades, seguradoras, corretores, assessorias e administradoras de benefícios.

Diante do futuro da saúde suplementar, que é desafiador, destacou-se a dinâmica da indústria, muito impactada pelo envelhecimento da população, o surgimento de novas tecnologias, que são colocadas quase simultaneamente à disposição do beneficiário e que possui custos elevados, além de uma falta de conhecimento do uso da proteção pelo consumidor. Inclusive, este é um ponto crítico e que urgentemente precisa ser trabalhado por todos os atuantes no setor.

“É necessário mudar a percepção da população brasileira sobre o plano de saúde. A mudança de imagem é um dos pontos em que o setor precisa investir”, comentou Marcos Novais, superintendente executivo da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), que citou como exemplo a campanha de comunicação criada pelo setor do Agronegócios, realizada de forma contínua que após dez anos consecutivos transformou a imagem do setor.

Novais ressaltou que é importante comunicar e mostrar que a despesa existe, pois é grande a percepção de que se paga o plano e não se usa.

José Cechin, superintendente do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), também reforçou que a comunicação do setor não tem sido eficaz. “Esse é o grande desafio que os planos de saúde precisam encampar. Todos que atuam no setor precisam ter o papel informativo. O assunto é de difícil entendimento e percepção e exige do setor um esforço grande de comunicação. E tem de ser aquela comunicação que toca a alma do indivíduo”.

Prevenção a fraudes

No quesito fraudes em saúde, é  importante lembrar ao consumidor que alguns comportamentos, que aparentemente trazem benefícios, prejudicam a todos.

“Os corretores de planos de saúde são a interface da operadora e representam o contratante. Eles podem levar o papel educativo, informar e aconselhar sobre a boa utilização do plano. Lembrar cada um que desdobrar recibos é um ato ilegal Lembrar pelo bom uso, não desdobrar recibos e não fazer procedimentos que já foram feitos e ainda estão na validade. O corretor pode e deve fazer esse tipo de papel a cada empresa que vende plano de saúde”, resumiu Cechin.

“Se o corretor sabe do risco que está correndo, ele é o primeiro filtro da companhia. Precisamos confiar no corretor e eles precisa ajudar as empresas. Pela saúde do setor, o corretor tem de ser parceiro. Ele ajuda muito”, acrescentou José Luiz, diretor comercial do Grupo Hapvida NotreDame Intermédica (GNDI).

Da esq. p/ dir.: José Luiz (GNDI), José Silvio Toni Junior (Sindiplanos), Marcos Novais (Abramge) e José Cechin (IESS)

O peso do preço

“O mercado de saúde não cresce porque o preço não cabe no bolso do brasileiro e as empresas também não têm condições de pagar”, comentou o diretor comercial do GNDI, que falou sobre o processo de aquisições do grupo, que soma 57 empresas, cujo desafio é unir todas sob uma mesma cultura e fazer o sistema funcionar.

Cechin destacou a tendência de aumento das despesas per capita com saúde. “É uma tendência secular e universal. Subida de despesas com saúde vai continuar”.

As despesas de saúde seguem um roteiro: são baixas na infância e juventude, crescentes na meia idade e explosivas após os 50 anos – “Esse é o padrão. A sociedade brasileira está alerta. Estamos pensando em medidas para enfrentar essa situação?”, convidou à reflexão. “Teremos que enfrentar essa escalada de despesas continuamente ou poderemos ter algo menor? E o que cabe às pessoas, operadoras, prestadores, corretoras diante de um quadro desse?”, continuou Cechin.

“Já tivemos momentos mais positivos. Hoje os resultados estão muito ruins e enfrentamos dois problemas graves. O ticket não está subindo. Estamos com um downgrade de planos muito importante. 52% dos planos de saúde têm coparticipação em franquia e a maior parte dos contratos é enfermaria. Preço está sendo fundamental”, apontou Novais.

José Luiz destacou a baixa penetração da saúde suplementar no Brasil, que gira em torno de 20% da população, enquanto nos EUA a proporção é de 70%. “Mais brasileiros deveriam ter planos de saúde. A atuação da GNDI é focada em ser rentável com um trabalho focado no cliente”.

Entre os pontos citados por Luiz estão a manutenção da carteira, a garantia dos reajustes, o modelo verticalizado, a eficiência nas despesas comerciais, a qualificação da oferta (inclusive, diferentes para cada perfil de cliente), o acolhimento, o respeito e a sustentabilidade”.

Mesmo diante desse cenário, o superintendente da Abramge lembra que saúde é a indústria que mais crescerá no mundo em decorrência de sua própria natureza. “As pessoas querem viver mais e melhor. Daqui a dois anos vamos ter solucionados todos esses problemas. Mas teremos outros”.

“Desde a concepção, o cuidado pré-natal até o cuidado paliativo dos últimos momentos, a saúde suplementar está presente prestando serviço. Hoje não há informação clara, principalmente com o rol ampliado. Cada vez mais são colocados procedimentos não médicos dentro das coberturas médicas. Ótimo! Mais negócios para nós trabalharmos. Mas quem vai pagar a conta? Precisamos encontrar meios de funcionamento”, concluiu o presidente do Sindiplanos, José Silvio Toni Junior.

O 1° Café de Negócios do Sindiplanos foi organizado pela Freela, fruto da joint-venture das Revistas Cobertura e Apólice.

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