O que esperar do Open Finance e Insurance nos próximos anos? Especialistas comentam

Executivos da B3 e Lina OpenX compartilham as tendências no setor

Mais de dois anos se passaram desde a implementação do Open Finance no Brasil, e muita coisa avançou no setor desde então. Segundo o Global Open Finance Index, que tem como objetivo avaliar o grau de avanço de 27 países na pauta do Open Finance, o Brasil é considerado um dos líderes nessa categoria.

De acordo com a pesquisa Open Finance Brasil, em 2021, 45,8% das pessoas se mostravam preocupadas em como seus dados financeiros seriam utilizados. Em 2023, esse percentual caiu para 34%. O estudo também mostra que a preocupação sobre falta de proteção dos dados reduziu de 41% para 28%. Ou seja, a confiança do brasileiro no Open Finance cresceu.

Para Murilo Rabusky, Diretor de Negócios da Lina OpenX, o aumento da conscientização e da confiança do consumidor são peças-chave para impulsionar ainda mais o avanço do Open Finance no Brasil. “Grandes fintechs brasileiras têm desempenhado um papel central no crescimento do ecossistema, pois disponibilizaram rapidamente em seus aplicativos funcionalidades de agregação de contas e aprovação de limites de crédito, o que ajudou milhões de brasileiros a desbloquear o Open Finance. Já são 40 milhões de consentimentos ativos, o que significa que estas instituições que saíram na frente detêm um nível informacional e um grau de conhecimento sobre seus clientes que lhes possibilita inovar em sua oferta de produtos e serviços, e assim, gerar valor a partir do uso inteligente desses dados”.

Outra novidade é que, recentemente, o Banco Central inaugurou uma nova fase do Open Finance, que permite às instituições compartilhar dados de investimentos. Com as empresas acessando as informações completas dos investidores, o cliente pode receber ofertas de investimento mais direcionadas ao seu perfil financeiro.

O Open Insurance, sistema de seguros aberto, que operacionaliza e padroniza o compartilhamento de dados e serviços por meio de abertura e integração de sistemas, com privacidade e segurança, também avança em suas fases de implementação.

Segundo Ícaro Demarchi Araujo Leite, Superintendente de Produtos da B3, o Open Insurance é uma realidade atualmente em formação no Brasil. “Primeiro, cabe destacar o pioneirismo da iniciativa em âmbito global. Mesmo na Inglaterra, onde o Open Finance se iniciou, não se vislumbra a entrada do Open Insurance no curto prazo e no Brasil já estamos caminhando para a fase final de processamento de ordem do cliente”, explica.

Nos próximos anos, testemunharemos a estabilização do ecossistema como um todo, conforme pontua Alan Mareines, CEO da Lina OpenX. “O mercado amadurecerá em um entendimento mais profundo das funcionalidades e benefícios do compartilhamento de dados e da personalização de produtos no setor. Além disso, reconheceremos o papel fundamental desempenhado por SPOCs, seguradoras e corretores neste ambiente. Nos próximos anos, também presenciaremos a harmonização e interoperabilidade entre os ecossistemas de Open Finance e Insurance, o que possibilitará jornadas mais completas e sem atritos no compartilhamento de dados e na oferta de serviços financeiros e de seguros”.

Ícaro Demarchi também ressalta que essa agilidade e rapidez de implementação têm incentivado  diversas empresas a dedicarem  estudo e desenvolvimento na construção de oportunidades dentro do Open Insurance. “Do nosso lado, eu espero que o Open Insurance seja uma grande oportunidade de negócios em que seguradoras, corretores e os mais diversos prestadores de serviço de tecnologia possam se conectar, aperfeiçoando e desenvolvendo cada vez mais o mercado securitário. Particularmente, espero que tenhamos oportunidade de realizar negócios cada vez mais personalizados e aderentes a uma experiência fluida e única para o cliente. Especialmente na percepção de valor das razões de se contratar um produto de seguro”.

Como as instituições irão se beneficiar com este ecossistema?

“As seguradoras, SPOCs e corretores terão acesso a dados de alta qualidade e padronizados. Isso lhes permitirá desenvolver e oferecer produtos personalizados aos segurados, alinhados com seu perfil individual. Além disso, as instituições envolvidas poderão aprimorar sua compreensão sobre a posição de seus produtos no mercado e avaliar de forma mais precisa os riscos associados a novas contratações de apólices”, destaca Alan Mareines.

“Estou olhando nesse momento para além do Open Insurance e focando no Open Finance que é a soma do Open Banking com o Insurance. Entendo que teremos um mar aberto de oportunidade para as instituições que identificarem que o Open é uma possibilidade enorme de ampliar seus horizontes de atuação. Teremos a possibilidade, via interoperabilidade entre esses mundos, de criar novos produtos aderentes ao universo financeiro e vice-versa”, aponta Ícaro Demarchi.

O superintendente da B3 conclui que as instituições que entenderem essa ampliação de horizonte conseguirão obter vantagens comerciais relevantes. “E aqui eu destaco o papel dos corretores via Sociedades Processadoras de Ordem do Clientes (SPOCs). Essas entidades terão a capacidade de dar a segurança necessária para que o corretor tenha ainda mais acesso à informação dos clientes, ofertando ainda mais produtos para uma gama de riscos que ficarão mais evidentes. O ecossistema terá a capacidade de prover um ambiente de ganha-ganha que pode gerar ainda mais inclusão de pessoas e empresas sob a proteção do mercado securitário”.

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