3 lições aprendidas no Open Banking ajudam as empresas de saúde a se prepararem para o Open Health 

Saiba o que o setor de saúde deve fazer para ter uma transição mais tranquila para o mundo Open

Por Adilson Cavati*

O setor financeiro foi o grande pioneiro na questão de abertura e compartilhamento de dados. Com o Open Banking e, depois, o Open Finance, surgiram diversas oportunidades e facilidades para as empresas e os clientes no que diz respeito a melhorias no setor e personalização dos atendimentos. Mesmo sendo o exemplo mais concreto do mundo Open, a transição do sistema antigo para um novo, mais conectado e aberto, não foi nada fácil, e quem mais sentiu os desafios dessa mudança foram as organizações do setor bancário.

O primeiro passo para as corporações se tornarem Open é a integração entre seus sistemas internos. Ainda hoje é possível ver organizações com diversos sistemas operando para realizar suas atividades que não conseguem se conectar uns com os outros, dificultando algumas operações. A integração entre os sistemas é essencial para a criação de um banco de dados unificado, e só assim as companhias poderiam gerir melhor a utilização de dados e priorizar a segurança das suas informações.

Para seguir nessa jornada, além de integrar os sistemas internos, é preciso que as organizações consigam interoperar com os sistemas de seus parceiros de negócios, criando um ecossistema robusto e integrado. A melhor forma de garantir a interoperabilidade segura dessas informações é através das APIs, que são peças fundamentais para habilitar o funcionamento do mundo Open.

Lições do Open Banking

Quando surgiu o Open Banking, as empresas tiveram que se desdobrar para conseguir se adequar e ficar minimamente prontas para trabalhar com dados abertos dentro do prazo estipulado. Por outro lado, as empresas que se equiparam para o Open Banking conseguiram cumprir as datas e se adequar ao regulatório do Banco Central (Bacen) com menos dificuldades do que as instituições que estavam se adequando. O Bacen é responsável por garantir a estabilidade econômica do país e, também, o órgão encarregado de regulamentar o Open Banking e o Open Finance. As organizações que fazem parte desse ecossistema prestam contas ao Bacen.

Mesmo o Open Banking sendo um termo que só ganhou força no Brasil em fevereiro de 2021, quando sua primeira fase foi implementada, ele já era conhecido em outras partes do mundo, como no Reino Unido, que foi o primeiro país a colocar o modelo em prática, em 2018. As empresas que eram antenadas e inovadoras conseguiram captar os sinais antes mesmo da oficialização do termo e puderam se alinhar estrategicamente para esse novo sistema. Essa é a primeira lição que pode ser tirada do Open Banking: saiba captar as tendências do mercado e esteja preparado para as constantes mudanças de rumo dos negócios. É preciso estudar o cenário e enxergar além do que está sendo mostrado.

Outra lição significativa que pode ser retirada dessa situação é a importância de escolher bons parceiros. Se tratando de abertura de dados privados e de renovar suas estratégias para se sobressair em meio à concorrência, é necessário escolher parceiros que estejam consolidados no mercado e soluções que atendam às suas demandas. Os ideais dos membros do ecossistema precisam estar alinhados e a vontade de ser inovador também.

Quando uma empresa está inserida em um ecossistema, ela realiza algumas atividades que também envolvem as outras organizações que fazem parte dele, com um banco de dados compartilhado entre os parceiros, o número de informações que circulam na rede aumenta. Para suportar com facilidade esse grande fluxo, as empresas precisam contar com uma arquitetura de sistemas confiável e eficaz, é neste momento que as APIs se tornam um diferencial estratégico, até porque: não existe abertura e compartilhamento de dados sem integração via APIs.

As APIs são interfaces de programação de aplicativos que permitem que diferentes sistemas realizem trocas de informações de maneira segura. Uma boa arquitetura de gestão de APIs possibilita um tráfego de dados mais rápido e ordenado, conectando as aplicações de um ecossistema e permitindo que as empresas ampliem sua jornada digital.

Sem dúvidas, a utilização de dados abertos, respaldada por uma boa arquitetura de APIs, garantirá que as organizações tenham um papel de destaque no mercado, entregando autonomia, integração de sistemas, conectividade e segurança aos seus clientes e parceiros. Diante deste cenário de lições e boas práticas, o Open Health tem muito a aprender com o Open Banking. Atualmente, as empresas estão se programando para entrar no mundo open e já lidam com algumas dificuldades no que diz respeito à integração entre os sistemas.

A fragmentação dos dados é um dos maiores gargalos do sistema de saúde no país. Isso porque cada elo do segmento, como operadoras, hospitais públicos e privados, laboratórios e clínicas trabalham de forma isolada, gerando obstáculos para interoperar e consolidar as informações dos pacientes em único repositório de dados.

Portanto, as organizações de um mesmo ecossistema precisam que a interoperabilidade seja uma realidade para garantir que o usuário tenha acesso a todo seu histórico médico, permitindo que ele seja o dono dos seus próprios dados. A partir disso, as pessoas passarão pela mesma fase do consentimento de acesso aos dados que aconteceu no Open Banking. Somente quando isso ocorrer, as organizações poderão falar que fazem parte do Open Health.

Outra vantagem de criar um ecossistema realmente integrado na saúde hoje é que, diferentemente do que acontece no Open Banking, como ainda não existe uma regulamentação para o Open Health, as empresas podem se preparar, além de ir testando e aperfeiçoando o compartilhamento de dados com mais calma, tendo a chance de remediar algum erro que possa ocorrer durante o processo. Esse é um luxo que as organizações mais preparadas podem ter, já que as outras contarão com prazos mais apertados no futuro.

Por mais que pareçam setores distantes, as lições retiradas no Open Banking servem como um guia para as empresas da área da saúde. Saber como se preparar e desenvolver uma visão 360º no mercado são ensinamentos que vão além do mundo Open, são diferenciais que o cliente considera na hora de escolher qual organização ele prefere. E, em um mundo de competições cada vez mais acirradas entre os ecossistemas, cada usuário conta.

* Adilson Cavati é diretor de vendas da Sensedia

Revista Cobertura desde 1991 levando informação aos profissionais do mercado de seguros.

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