A gestão de riscos sempre foi uma prática muito importante para as empresas que buscam proteger seus ativos e minimizar possíveis perdas financeiras. A tecnologia, como a Inteligência Artificial (IA), ajuda a reduzir o tempo de análise de sinistros e aprimora a gestão de riscos, beneficiando tanto clientes quanto seguradoras. Já o conceito de Open Insurance possibilita uma troca de informações mais fluida entre seguradoras, similar ao Open Banking, permitindo maior competitividade e ofertas de coberturas personalizadas. Juntas, essas inovações moldam o futuro do setor, trazendo mais segurança e transparência.
Tradicionalmente, a gestão de riscos envolve a identificação de potenciais ameaças, como acidentes e desastres naturais, e o desenvolvimento de estratégias para mitigá-las. Esse processo é fundamental para definir os prêmios de seguro com base no nível de risco de cada cliente. No entanto, as abordagens convencionais, muitas vezes, não conseguem captar a complexidade e os múltiplos fatores que influenciam esses riscos.
A IA, com seu poder de análise em tempo real, preenche essa lacuna ao utilizar tecnologias como machine learning e big data. Essas ferramentas são capazes de processar uma quantidade massiva de dados e identificar padrões que os métodos tradicionais e manuais não alcançam. Um estudo da Conning realizado em 2024 mostrou que 77% das empresas de seguros já utilizam IA em suas operações, inclusive no controle de riscos e precificação. Foi identificado que a IA está efetivamente melhorando a capacidade das seguradoras de avaliar riscos com precisão e definir preços adequadamente.
O uso de IA na gestão de riscos traz também a vantagem de otimizar o processamento de sinistros. Atualmente, muitos sinistros ainda dependem de processos manuais, como a verificação de documentos e entrevistas, o que pode tornar a experiência do cliente lenta e frustrante. A IA automatiza várias dessas etapas, reduzindo o tempo de análise de sinistros de dias para apenas algumas horas. Segundo pesquisa do Insurance Thought Leadership, feita com mil gerentes de riscos, metade pretende adotar ferramentas de IA nos próximos três anos.
Além disso, a tecnologia contribui para a detecção precoce de fraudes, um problema que custa bilhões de dólares ao setor globalmente. Algoritmos de machine learning são treinados para identificar padrões suspeitos em sinistros, agilizando as investigações e prevenindo perdas financeiras consideráveis para as seguradoras.
Contudo, a implementação de IA também traz desafios, especialmente em relação à privacidade de dados. Regulamentações como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) exigem que as seguradoras sejam transparentes no uso de informações pessoais e garantam que seus processos estejam em conformidade com as normas. A coleta de dados em grande número para alimentar os sistemas de IA deve ser feita de forma ética e segura, de modo a proteger os clientes e manter a confiança no setor.
Apesar desses desafios, o potencial da IA na gestão de riscos de seguros é inegável. As empresas que já estão utilizando essa tecnologia estão na vanguarda da inovação, melhorando sua capacidade de mitigar riscos, personalizar produtos e oferecer um atendimento mais ágil e eficiente aos clientes.
É importante destacar que a aplicação de IA na gestão de riscos foi o principal tema do Risk Manager Forum 2024. Este evento, promovido pelo RMBr, um grupo independente de gestores de riscos e seguros de empresas nacionais e multinacionais de diversos segmentos, contou com o apoio do C6Bank e o patrocínio da MDS Brasil, Ebix e Swiss Re. O fórum foi uma excelente oportunidade para debater as tendências e os desafios desse cenário em rápida transformação.
Paulo Silveira, Diretor Comercial de Riscos Corporativos da MDS Brasil
