Cláudio Pepeleascov*
Resiliência e criatividade têm sido duas características críticas para as organizações nestes últimos três anos. As equipes de Recursos Humanos tiveram que aprender a orientar os funcionários quanto às novas formas de trabalho e fornecer suporte contínuo para mantê-los seguros e saudáveis, tudo isso enquanto lidavam com as incertezas financeiras.
O tema pandemia já ganhou uma distância significativa da nossa vida cotidiana e das discussões corporativas. Agora há uma nova priorização que é o cenário macroeconômico. As questões políticas atuais afetam as perspectivas dos empresários e, consequentemente, influenciam nas estratégias com foco nos empregados.
Neste ano de 2023, os líderes enfrentarão o desafio de sobreviver ao ambiente incerto e, ao mesmo tempo, fazer com que a experiência de empregados e clientes seja algo cada vez mais benéfico. Soma-se a isso a necessidade de atrelar o tema de custos, que volta a ser uma preocupação prioritária quando falamos de um aspecto primordial nas empresas: saúde e benefícios.
Há uma perspectiva importante sobre a severidade nos custos e os impactos da inflação médica. As discussões entre rol taxativo e rol exemplificativo pressionam ainda mais as questões sobre custos, perenidade e estabilidade financeira. Operadoras, empresas e consultorias estão se desafiando para criar caminhos inteligentes e seguros frente às incertezas que impactam o dia a dia dos segurados. A missão é encontrar o equilíbrio financeiro e a melhor experiência do empregado e, com base nisso, a WTW vem desenvolvendo uma série de pesquisas e estudos para ajudar as organizações a entender e se adaptar a cada ambiente e nos diversos cenários de negócio.
O ESG (environmental, social and governance) ganhou força no Brasil e está embarcado como estratégia de negócio, aportando novas perspectivas sobre soluções, serviços e dinâmica de produtos, convergindo em uma agenda prioritária e vital aos negócios.
À luz de ESG, o papel social dos benefícios se fortaleceu muito nestes últimos três anos. O seguro de vida, por exemplo, antes era visto como uma commoditie por ter um baixo custo quando comparado ao seguro saúde. Agora, esse produto se tornou de alto valor na perspectiva social ao garantir cobertura de morte por invalidez, auxílio funeral e doenças graves.
Ainda na visão de bem-estar social, a diversidade se tornou uma questão cada vez mais importante na atração de talentos. Diante disso, as seguradoras passaram a viabilizar produtos mais coerentes com essa diversidade. Há demandas para transição de gênero e congelamento de óvulo, por exemplo.
A saída tem sido criar soluções mais integradas de proteção e que levem em conta o perfil dos públicos. Esse trabalho tem sido feito em conjunto e envolve as consultorias, que estão muito bem-posicionadas e entendem essas variáveis novas, as seguradoras e as empresas que perceberam que precisam se diferenciar oferecendo uma experiência do empregado mais eficaz. Há um engajamento cada vez maior da alta diretoria nas questões relativas à saúde e benefícios e isso tem facilitado em tomadas de decisão muito mais assertivas.
As abordagens de saúde e benefícios mais eficazes são incorporadas à governança e cultura corporativas. Para isso é preciso uma boa estratégia com revisões e melhorias contínuas. Isso vale para qualquer momento, mas é ainda mais necessário no cenário de incertezas que vivemos atualmente. Nestes tempos sem precedentes, as empresas precisam do máximo possível de dados e insights de alta qualidade para tomar decisões informadas e garantir que sua força de trabalho se sinta segura, saudável, apoiada e produtiva.
* Cláudio Pepeleascov é líder da área de Saúde e Benefícios da WTW Brasil