2ª edição do Café de Negócios do Sindiplanos debate o papel da força de vendas para a sustentabilidade do setor com a FenaSaúde e a Ameplan
Massagem modeladora, botox, personal trainer e cirurgia plástica de estética são alguns itens estéticos que os planos de saúde não cobrem e também um dos problemas que as operadoras e seguradoras de saúde têm enfrentado, pois há propagandas enganosas na internet prometendo a cobertura de itens não cobertos.
Nesse cenário, o corretor tem o importante papel de informar ao beneficiário o que está ou não coberto pelo seu plano de saúde. Esse foi um dos pontos abordados por Vera Valente, diretora-executiva da FenaSaúde, durante a 2ª edição do Café de Negócios realizado pelo Sindicato das Empresas de Distribuição e Comercialização de Planos de Saúde e Odontológicos do Estado de São Paulo (Sindiplanos) em 14 de setembro, que abordou o tema “A contribuição da força de vendas para a garantia da sustentabilidade do setor”.
Inclusive, Vera, que vem participando de uma série de encontros que visam esclarecer o propósito do plano de saúde com outros elos da cadeira, enalteceu a oportunidade de falar com a força de vendas.
“O corretor é a porta de entrada do beneficiário ao plano de saúde e parceiro imprescindível para a garantia da sustentabilidade do setor”, ressaltou Vera, em seu primeiro encontro que discutiu o tema com os corretores.
“A saúde suplementar só vai continuar produzindo benefícios para os brasileiros se os elos dessa cadeia estiverem unidos e com o compromisso de manter sua sustentabilidade e ampliação de acesso”.
Segundo ela, os corretores podem ajudar muito na prevenção e combate às fraudes por meio da disseminação de informações corretas e do uso racional do plano.
Sustentabilidade
A sustentabilidade do setor de saúde suplementar é um enorme desafio, pois é impactada por uma série de fatores como longevidade, novas tecnologias, iniciativas legislativas, judicialização, fraudes e desperdícios.
Em saúde, a incorporação de novas tecnologias é sempre mais cara e o País tem um dos processos de atualização do rol de coberturas obrigatórias de planos de saúde mais ágeis do mundo, embora não tenha dinheiro para isso. “Tudo é feito de forma muito acelerada sem ter condições, pois o Brasil é um país pobre. Em 2022 foram incluídas 55 novas coberturas obrigatórias. Um exemplo é o medicamento Zolgensma, de R$ 7,2 milhões”, disse Vera, ao destacar que, para se ter uma ideia, 85% das cerca de 660 operadoras no Brasil faturam menos que este valor por ano.
No tocante à longevidade, nos últimos dez anos, o número de beneficiários de planos de saúde na faixa etária de 20 a 39 anos caiu 8,9%, enquanto os de maiores de 60 cresceu 32,6%.
“É muito difícil termos sustentabilidade. Chegamos a ter em outubro de 2019 130 mil beneficiários. Foi um dos crescimentos que presenciei no mercado mais extensos em um curto espaço de tempo”, compartilhou Marcelo Belber, gerente comercial da Ameplan Saúde, sobre o fato de a operadora ter passado dos 44 mil beneficiários em 2012 para o volume registrado em 2019.
A Ameplan também sentiu os reflexos das questões que impactam o setor de saúde, como a pandemia causada pela covid-19, e teve uma redução no número de beneficiários. Hoje, a Ameplan conta com mais de 79 mil beneficiários, cinco hospitais, duas clínicas de especialidades e cinco centros de diagnósticos. Em 2022 foram mais de 204 mil guias emitidas e mais de 315 mil consultas ambulatoriais e mais de 162 mil consultas de pronto-socorro e pronto-atendimento e mais de 10 mil internações.
“O mercado vive hoje um momento muito adverso. Ë muito complicado para uma operadora conviver com ‘esse jeitinho’ de alguns maus profissionais. Isso faz com que o mercado entre em crise e com que, amanhã ou depois, possamos correr o risco de 50 milhões de brasileiros serem lançados ao Sistema Único de Saúde (SUS)”, disse Belber.
“A contribuição da força de vendas para a sustentabilidade parte disso. Se conseguirmos fazer treinamentos e trazer os nossos profissionais para que eles entendam a fundo como funcionam os planos de saúde, teremos mais sucesso e muito mais anos de vida nesse mercado”, acrescentou.
“O Sindiplanos é primo do Sincor-SP. São sindicatos que se complementam. Está na hora de nos ajudarmos um pouco mais. Sou da época em que as grandes operadoras do setor forneciam uma contribuição imensa com relação à capacidade do profissional de vendas, além dos cursos da Acoplan (associação antecessora do Sindiplanos). Havia um engajamento muito maior”, comentou José Silvio Toni Jr., presidente do Sindiplanos, que ressaltou a necessidade de todos apoiarem a qualificação do corretor.
“Produto de prateleira”
“Todos nós queremos aumentar esse mercado que nunca passou de 25% da população”, reforçou Vera. Para isso, ela defende a disponibilização da produtos de saúde que as pessoas possam pagar. “Tem de ser um produto que seja algo que a pessoa olhe como se estivesse vendo uma prateleira. Se ela não pode pagar um plano hospitalar e ambulatorial, que tenhamos um produto mais flexível, de produtos e exames”, explicou Vera Valente.
Como referência, ela citou os 30 milhões de cartões de desconto existentes no mercado. “Isso não é acesso à saúde e não tem nenhuma garantia e regulação. Por um valor semelhante a esse podemos oferecer um plano de consultas e exames”.
Curso da ENS aborda questões práticas
O evento foi realizado no auditório da Escola de Negócios e Seguros (ENS) e a professora Lidiane Mazzoni, aproveitou para lembrar que o curso de pós-graduação em Saúde Suplementar da escola surgiu para atender uma necessidade do mercado.
“Todos os dias temos uma situação diferente no setor de saúde. A proposta do curso de saúde suplementar é a de que o aprendizado de uma aula é colocado em prática no dia seguinte no trabalho. O curso vai de questões introdutórias jurídicas até noções de LGPD, ou seja, todas as questões que vão se modulando no dia a dia para melhorar a operação da saúde suplementar”, comentou Lidiane sobre o curso cuja terceira turma começa no final de setembro.