“A indústria tem que apresentar produtos mais acessíveis, mais simples, que possam ajudar as pessoas”, afirmou Antonio Huertas

Karin Fuchs

O CEO global, Antonio Huertas, e o CEO de Seguros no Brasil, Felipe Nascimento, receberam um grupo de jornalistas no Edifício Mapfre, na última sexta-feira, 15 de outubro. Huertas abriu o encontro falando sobre as oportunidades que vieram com a pandemia. “As nossas atividades de seguros podem ter um papel muito relevante no futuro das sociedades. A pandemia trouxe a falta de proteção das pessoas e das empresas e, agora, vamos ter a oportunidade de poder colaborar com os nossos governos, com outras instituições e startups, e com o mundo da inovação para desenvolver nossas estratégias”.

De imediato, a Mapfre também abraçou a causa ao cobrir o risco de pandemia, excluído nas apólices de Vida. “Foi uma posição superacertada, que todo o mercado também adotou. É uma ação nobre e estamos aqui para isso. A Mapfre pagou cerca R$ 1,3 bilhão de sinistros de covid-19 no país”, disse Nascimento. Globalmente, o montante de indenizações do grupo chegou a US$ 700 milhões.

Mesmo com todos os percalços enfrentados pelo mundo com a pandemia, globalmente, o grupo Mapfre teve resultados positivos em 2020, e somente no primeiro semestre deste ano, cresceu 6%. O Brasil continua sendo a segunda maior operação do grupo, seguido pelos Estados Unidos, apesar de ter perdido um pouco de market share.

“A participação da operação brasileira no grupo global baixou um pouco nos últimos três anos, para 15%, e os Estados Unidos têm 12%. Perdemos market share no Brasil em alguns dos principais ramos e agora temos que reconstruir essa situação. Quando olhamos a dimensão da Mapfre no Brasil, no grupo Mapfre, temos que considerar a situação do real, crítica nos últimos três anos, por isso, a comparação não é a mesmo com os Estados Unidos, onde a comparação dólar e euro é mais estável”, afirmou Huertas.

Potencial

Pelo mais recente Índice Global de Seguros Potenciais (GIP), desenvolvido pela Mapfre Economics, entre 96 economias avaliadas, o Brasil segue em 8º lugar entre os países com o maior potencial para o mercado de seguros. “Nós vemos o Brasil com otimismo, dentro de um cenário desafiador”, disse Nascimento. Segundo ele, por um lado, há um potencial de crescimento pela baixa penetração no PIB, o mercado se mostra resiliente e continua crescendo pela maior sensibilidade das pessoas por proteção.

Entre os desafios, o executivo pontou a inflação, que gera impactos no custo médio das carteiras e a busca incessante pela eficiência. “A inflação corrige o custo e a gente não tem como repassar essa correção para os preços. O único caminho é apostar muito forte na eficiência e entender muito bem quais são as necessidades do clientes para também não cobrirmos o que ele entende que não é necessário”, comentou Nascimento.

Para o mercado de fato crescer e aumentar a sua participação no PIB, Huertas falou que a resposta é: educação financeira. “A indústria tem que apresentar produtos mais acessíveis, mais simples, que possam ajudar as pessoas. Nós temos um trabalho a desenvolver para a sociedade brasileira”.

Uma dessas iniciativas foi a parceria com a ONG  Gerando Falcões, que já despertou na Mapfre a possibilidade de criação de um produto que atenda as comunidades. Segundo Nascimento, ao invés de um produto que cria uma necessidade, é criar um produto a partir da necessidade. “Nós temos essa debate especificamente para esse público, que foi provocado pela Gerando Falcões”. Fundada pelo jornalista Eduardo Lyra, em 2013, a ONG trabalha com projetos sociais em periferias e favelas. Neste ano, Lyra ficou bem conhecido pela sua forte atuação no combate à fome.