Congresso evidencia a união de todos os envolvidos na cadeia da saúde em prol do futuro e aborda os percalços reais do setor, conforme o presidente da Abramge
Carol Rodrigues
“O futuro das novas gerações está diretamente ligado ao futuro da saúde”. As palavras do vice-presidente da República e Ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, durante a abertura do 27º Congresso da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), reforçam a importância do setor de saúde suplementar para o Brasil.
Alckmin não compareceu ao evento, mas, em vídeo, transmitiu uma mensagem de otimismo para o setor que vive um dos momentos mais desafiadores da sua história. “Iniciamos um novo ciclo de crescimento econômico alicerçado em bases sustentáveis e inclusivas. Se a economia vai bem, cresce o setor privado da saúde e da medicina suplementar, que ajuda a aliviar o SUS e a melhorar a qualidade de vidas de todos os brasileiros”, acrescentou o vice-presidente.
O congresso, realizado em São Paulo nos dias 21 e 22 de setembro, reúne integrantes do setor, como representantes da medicina diagnóstica, hospitais, operadoras de planos de saúde e odontológicas, o que evidencia a união em torno do futuro e da sustentabilidade da saúde suplementar.
“É um setor que com todas as arestas e pontos de tensão que tem tentado se unir para uma solução. Vejo muita gente bem intencionada que quer ajudar a resolver”, comentou Renato Freire Casarotti, presidente da Abramge, na abertura do congresso que definiu como o maior da história.
Casarotti ainda lembrou que o setor, assim como o País de forma geral, tem despertado reações extremas. Atravessamos uma fase desafiadora do setor. “Sempre que vejo duas opiniões muito diferentes, tendo a achar que as duas estão erradas. Esse é o caso. Não é uma catástrofe, nem um cenário de mar de almirante. O primeiro passo para avançarmos e pensarmos a saúde 2030 é entender que estamos enfrentando um cenário desafiador, evitar atribuições de culpa e pensar em como levamos isso para frente”.
O presidente da Abramge mencionou pontos de discussões que têm sido polarizadas no setor, dentre elas o aumento exponencial das fraudes, a incorporação de tecnologia, as terapias continuadas (tratamentos dos transtornos globais em desenvolvimento) e as pressões do legislativo.
O principal deles é o transtorno do espectro autista. “Houve um aumento exponencial com esse tipo de terapia no último ano. Isso impactou primeiro as operadoras de menor porte, mas agora impacta todas. Temos dados de associadas de grande porte da Abramge que nos últimos quatro meses superou a despesa com oncologia”, comentou Casarotti.
Quanto às pressões do legislativo, ele lembrou que sempre vão existir. Porém, hoje, já existe uma percepção da Câmara dos Deputados e no Senado do momento vivido pelo setor.
Discutir o futuro é o começo
“Não é só pensar em apagar incêndio. Temos que criar condições para evita-los no futuro. O nosso setor, com a sua importância econômica e representatividade, precisa ser olhado por toda a sociedade”, disse Jorge Oliveira, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Medicina de Grupo (Sinamge).
“Fazer reajuste excessivo nunca é a nossa pauta. Não queremos acabar com o nosso negócio. Vamos em frente com o pensamento na sustentabilidade”, acrescentou Oliveira.
Omar Abujamra Junior, presidente da Unimed Brasil, ressaltou que a assistência à saúde está ainda mais desafiadora. “O futuro da saúde suplementar passa por garantirmos o tripé da segurança assistencial, jurídica e econômico-financeira. Afinal, os planos de saúde garantem assistência médica a mais de 50 milhões de brasileiros”, apontou Abujamra Junior.
O momento atual requer atenção especial de todos. “Seguiremos dialogando em busca de relações mais equilibradas e da sustentabilidade do setor“, afirmou Wilson Shcolnik, presidente da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).
“O que vivemos hoje no setor não é um problema conjectural”, ressaltou Eduardo Amaro, presidente da Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP).
“Precisamos repensar a forma como entregamos saúde para os beneficiários , rever a forma como nos comunicamos com eles e redefinir as responsabilidades de cada elo da cadeia”, completou Amaro.
Paulo Rebello Filho, presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), apontou que o setor vive um momento oportuno para que todos se sentem à mesa. “É o momento oportuno para que possamos discutir dos problemas e superá-los”.
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