Executivos da Argo Seguros e das empresas Suzano e Ifood destacam a cyber segurança em conversa mediada por jornalista da Revista Cobertura no Clubhouse da MDS
Karin Fuchs
A fim de debater temas atuais e levar ao público os principais movimentos do mercado, a MDS Brasil tem promovido uma série de encontros em sua sala no Clubhouse. Um dos mais recentes, teve como tema “Insurance Groups: riscos e oportunidades em tempos de pandemia”, o qual tive a oportunidade de ser a mediadora. E aqui destaco um dos principais tópicos debatidos, a cyber segurança.
“O trabalho remoto trouxe muito mais vulnerabilidade na questão da cyber segurança, as informações se tornaram mais sensível e expostas, na medida em que em todo e em qualquer equipamento eletrônico há uma possibilidade de invasão”, disse Tiago Tristão, vice-presidente de Riscos Corporativos e CEO Brasil da MDS Reinsurance Solutions.
Ele também falou sobre o apetite das seguradoras. “Houve um momento em que todas as seguradoras lançavam produtos voltados para o cyber risk, mas a gente ainda não vivenciava toda essa questão de ataques, nesse volume que está acontecendo. Há um recorde de invasões nas empresas, dos mais diversos tamanhos e segmentos, isso faz com que as seguradoras se retraiam em um momento muito complexo de sinistralidade.”
Medição ineficiente
Para Thiago Amorin, Risk Manager and Insurance do Ifood, o produto não atende empresas de tecnologia, como é o caso do Ifood. “Só pelo tamanho do meu negócio, pelo volume de exposição de dados que eu tenho de milhões de clientes, milhares de restaurante, milhares de fornecedores e de milhares de entregadores, isso já gera uma preocupação na seguradora, mas ela também tem um pouco de dificuldade de medir o meu cyber security interno”. No Brasil, são cerca de 40 milhões de clientes ativos.
Em sua opinião, elas deveriam usar mais a tecnologia. “Os modelos ainda são muito qualitativos, baseados nos antigos questionários. As seguradoras precisam evoluir, colocando mais e-learning, inteligência artificial, e aproveitar essas tecnologias para que rodem modelos matemáticos para quantificar os riscos da empresa”. E também falarem a mesma língua delas. “Se falarem a mesma língua que a nossa, a gente sente segurança em contratar o produto e transferir o risco para uma seguradora”, afirmou.
Similaridade na indústria
Na visão de Raphael Tasseli, Risk and Insurance Manager da Suzano, falta um pouco de envolvimento do que é uma parada operacional fabril em relação ao evento cibernético. Mesmo com a cultura do home office na companhia, a maioria dos 15 mil funcionários continuaram trabalhando no parque fabril ou na operação logística.
“O que fizemos foi trazer um pouco desse acompanhamento para dentro dos computadores de um grupo seleto de gestores e coordenadores da empresa. O risco industrial da parada de produção ainda é pouco desenvolvido nos produtos de cyber. Horas de fábrica parada são milhões em produção perdidos. Tem que ter uma volta à operação muito rápida, pois se isso se alongar por mais de 24 horas, eu posso esgotar uma apólice em poucos dias”.
Para Tristão, tudo isso passa um pouco pela questão da pulverização do risco. “Nós precisamos de muitas apólices no mercado para que não vivenciemos esse movimento que estamos passando, de poucas apólices contratadas e bastante eventos significativos”. Segundo ele, uma forma de combater esse problema é disseminar a informação, pulverizar o risco e, diminuindo a sua concentração, é possível ter uma produto mais sustentável.
Do lado do segurador
Fernando Gonçalves, head de Linhas Financeiras, Garantia, Property e RC Geral da Argo Seguros, falou sobre o quanto a pandemia evidenciou que o serviço oferecido não é uma commodity. “Na pandemia atestamos que quanto mais soluções estruturadas pudermos prover para os nossos parceiros, clientes e corretores, melhor passaremos por esses momentos. O seguro é uma ferramenta poderosa de transferência e gestão de risco, por vezes, ele garante a continuidade de uma atividade econômica”.
Nessa linha, Mariana Miranda, head Marine e Corporate Sales da Argo Seguros, disse que a ideia é sempre oferecer soluções, uma consultoria e identificar as vulnerabilidades, em vários ramos e riscos, além do cyber. “Nós temos focado muito nisso e também podemos oferecer assistência aos nossos segurados, o que estamos tentando explorar de maneira mais forte, pois isso também gera valor e atende às suas necessidades, bem como conhecer o ecossistema que envolve as empresas, os seus fornecedores e clientes”.