Mercado de seguros se despede de um ícone chamado Henrique Brandão

“Precisamos ter atitudes e comportamentos para que a sociedade nos enxergue como instrumento importante”, comentou certa vez em entrevista Henrique Brandão, que possuía 57 anos de experiência no setor e era um dos grandes defensores dos corretores de seguros

Autêntico, polêmico e dotado de uma personalidade forte. Uma liderança muitas vezes precisa mostrar o seu ponto de vista, mesmo que ele não agrade a todos. Ele tinha plena consciência disso e era exatamente o que praticava no dia a dia. Foi assim que, além de se dedicar à profissão de corretor de seguros e proteger pessoas e bens, Henrique Brandão, conhecido também como HB, enveredou também para o viés sindical, em prol da categoria.

“Meu pai era militar e certa vez ele me disse: ‘meu filho, peque por todos os pecados do mundo, menos pela omissão. Não seja omisso’. Pagamos um preço muito caro por não sermos omisso. Quando somos eleitos por um colegiado de pessoas e você tem de representá-los, seja a nível estadual ou nacional, há de se entender que nada é você, mas sim o grupo. Sempre fui de grupos. Ninguém faz nada sozinho. Nós corretores e lideranças, temos que ter um comportamento de desenvolvimento. Temos que trabalhar para servir as pessoas. Digo isso no sindicato e na minha casa, para meus filhos e netos: ‘quem não serve para servir, não serve para viver’”, destacou durante sua participação na Mesa Redonda do Seguro, em junho de 2023.

“Por diversas vezes indiquei o nome do HB para a Mesa Redonda do Seguro. No ano passado, ele foi convidado e participou conosco. Foi um momento único – ainda bem que tivemos essa oportunidade -, que ficará guardado para todos nós da imprensa especializada em seguros”, comenta Paulo Kato, publisher da Revista Cobertura.

“O corretor tem que trabalhar com benefícios. Há muito tempo, em uma reunião com muitos corretores no RJ, comecei a chamar todos para trabalhar com seguro de vida. A minha filha, que hoje é advogada, disse: ‘pai, como o senhor está chamando esses corretores para trabalhar com seguro de vida, o senhor não vai ter mais concorrentes?’. Eu respondi: ‘filha, quero ter 50 mil concorrentes. E quanto mais concorrentes tiver, mais o mercado vai crescer e mais oportunidades vamos ter’”.

Liderar implica em, muitas vezes, se posicionar. Um líder não trilha sua jornada em silêncio. Henrique Jorge Duarte Brandão deixa silêncio apenas com a sua partida, em 12 de fevereiro deste ano, no Rio de Janeiro.

Presidente da Assurê Administração e Corretagem de Seguros e proprietário da Positiva Administradora de Benefícios, Brandão foi presidente do Sincor-RJ, vice-presidente da Fenacor e membro titular do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e do Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdência Privada Aberta e de Capitalização (CRSNSP).

A equipe da Revista Cobertura se solidariza com todos os familiares, parentes e amigos de Henrique Brandão que, com certeza, continuará a proteger os seus agora de outro plano.

Quanto a nós do mercado de seguros, cabe seguir com o legado de sua jornada de dedicação de mais de 50 anos. Aqui mais uma de suas falas emblemáticas que deve suscitar reflexões a todos:

“Precisamos dar acessibilidade às pessoas de baixa renda, que ganham entre R$ 2 mil e R$ 5 mil. Para isso, é preciso que as seguradoras tenham política de mercado e que construam seguros com o perfil da sociedade brasileira. A sociedade não nos enxerga e só compra o que precisa: saúde, porque a saúde pública está inviável, e automóvel porque tem medo de ser roubado”.

Henrique Brandão: 57 anos de dedicação ao mercado de seguros

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