O grau de maturidade das práticas de ESG no Brasil 

“Nós fomos inundados por uma onda positiva de critérios ESG, o que não poderia ser diferente”, afirmou Juan Morales

Karin Fuchs

O tema em voga no momento é as práticas ESG. Se por um lado, a indústria de fundos brasileira ainda está em um estágio bastante embrionário nesse quesito, por outro, assim como aconteceu nos Estados Unidos, a tendência é de um crescimento exponencial, conforme comparou Juan Morales, superintendente de Renda Variável da SulAmérica Investimentos. O maior desafio, nas palavras de Daniela Gamboa, head de Crédito Privado da SulAmérica Investimentos, é conhecer e impor metas na questão ambiental.

Essas foram apenas algumas das constatações expostas durante o painel “Decisões Que Transformam, Práticas ESG”, do Conexão ESG da SulAmérica, transmitido pelo YouTube, no dia 10 de junho. Conduzido por Maria Eugênia Buosi, CEO da Resultante Consultoria, ela abriu o encontro explicando porquê o tema ESG é tão relevante para os investidores.

“A forma como as empresas lidam com as questões ambientais, sociais e de governança corporativa acabam impactando a forma delas executarem as suas estratégia e, portanto, obtendo os seus resultados e isso vai impactar a rentabilidade da carteira de investimentos. Por isso, o mercado fala tanto dessa agenda hoje em dia, pois cada vez mais, nós temos evidências de que esse tema é muito relevante para os investidores institucionais”.

Critérios 

Para um investimento ser sustentável, Daniela Gamboa disse que os gestores de investimentos convencionaram que é preciso usar uma ou mais abordagens na avaliação ESG para a seleção do ativo. Globalmente, a mais utilizada é a negativa, que exclui empresas que não são sustentáveis. Na SulAmérica, por exemplo, a exclusão é de empresas de armas e de tabaco.

“A 2ª é uma integração ESG, uma combinação de avaliação dos fundamentos da companhia com os critérios de avaliação ESG. A 3ª é o filtro positivo, que seleciona as melhores companhias em termos de avaliação. Pode também ter um fundo de impacto, colocando o recurso para gerar extremidades positiva e por último, e não menos importante, é o engajamento. É termos o envolvimento com as companhias para fazer essa transformação”.

Desde 2018, a SulAmérica tem uma metodologia proprietária para a avaliação. Daniela Gamboa destacou o lançamento do Fundo SulAmérica ESG, em 2020, em parceria com a Resultante Consultoria. Além do filtro negativo e da integração ESG, ele tem também o filtro positivo. “Só colocamos nesse fundo as melhores companhias em termos de avaliação ESG. Hoje, ele é o maior fundo de ESG do mercado brasileiro”.

Maturidade 

Nas palavras de Juan Morales, a indústria de fundos brasileira ainda está em um estágio bastante embrionário na tendência ESG. “Mas, nós fomos inundados por uma onda positiva de critérios ESG, o que não poderia ser diferente, pois é um critério já bastante disseminado internacionalmente. Na Europa e nos Estados Unidos, os investidores abraçam isso com efetivamente, uma causa, uma necessidade, e esses conceitos estão bastante maduros”.

Olhando para os próximos anos, Morales disse que o crescimento será exponencial, como foi nos Estados Unidos. “Nos Estados Unidos, em 2011, menos de 20% das empresas integrantes do S&P 500 ( Standard & Poor’s 500 Index), reportavam dados de ESG para a comunidade de investimentos, em 2017, entre elas, já eram mais de 85%. Ou seja, o crescimento lá também foi exponencial”, comparou.

Maior desafio 

Sobre a prática mais difícil de colocar métricas na decisão de investimentos, se é a ambiental, social ou de governança, Daniela Gamboa disse que o maior desafio é a questão ambiental. “Ainda há muito o desconhecido. Quando discutimos com as empresas, não são todas que têm a clareza, por exemplo, de qual é o seu volume de emissão de gases do efeito estufa, o que faz com a água que usa no seu processo, como a trata e a devolve e qual é o tipo de resíduo que é gerado na operação”.

Além da cadeia de fornecedores, uma vez que a empresa pode ser super verde, mas não os seus fornecedores. “Geralmente, são muitas empresas menores na cadeia de fornecedores e menos propensas a terem a capacidade de fazerem o controle de seus estoques e efetivamente estabelecerem metas”.

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