Evento do CCS-SP reúne presidentes de quatro entidades do setor e mostra o quanto o corretor se adaptou rapidamente aos novos tempos
Karin Fuchs
Na manhã de 8 de setembro, o Clube dos Corretores de Seguros de São Paulo (CCS-SP) promoveu uma nova live da série Prata da Casa, desta vez, reunindo presidentes de quatro entidades do setor, Alexandre Camillo, do Sincor-SP; Hélio Opipari Junior, da Aconseg-SP; Arnaldo Odlevati Junior, do CCS-ABC, e Arno Buchli, da UCS. Intitulada “Linha de Frente” e conduzida pelo mentor do CCS-SP, Evaldir Barboza de Paula, ela foi dividida em quatro temas: Transformação, Reposicionamento, Alinhamento e Perspectivas.
Sobre transformação, especificamente no que tange ao digital, Camillo disse que ela é mais do que necessária. “Quem não entender a velocidade dessa transformação e não buscar rapidamente se adaptar a ela, enxerga-la e o que fazer para se manter ativo nesse processo de transformação, certamente será atropelado. Não dá mais para ficar parado e achar que o modelo do passado continuará no ambiente do futuro”.
Para Junior, do CCS-ABC, o desafio é o ponto de equilíbrio. “Costumo dizer que o consumidor adora comprar através de aplicativos, mas na hora que ele tem um problema, ele quer ouvir a voz de uma pessoa para auxiliá-lo. O nosso desafio como corretor e seguradores é achar esse ponto de equilíbrio, o que dá para trabalharmos através da tecnologia para que ela nos ajude a prospectar novos negócios e de uma forma esclarecer melhor os nossos clientes”.
Nesse sentido, Buchli contou uma experiência pela qual ele passou. “O neto de um cliente meu começou a fazer o seguro comigo. Ele me enviou um WhatsApp, tentei ligar para ele para pegar algumas informações, não consegui. Seguimos pelo WhatsApp com as informações e fizemos todo o negócio e foi tudo tranquilo. Tentei falar alguma vezes com ele, mas não consegui estreitar o relacionamento. Pouco tempo depois, bateram no carro dele. Ele não mandou WhatsApp, ele me ligou e quis conversar”.
Para Hélio Opipari Junior, a grande transformação com a pandemia não foi no mundo corporativo. “Foi muito mais na sociedade, nos nossos relacionamentos familiares, com os nossos amigos, e as perdas que tivemos, isso tudo causa uma transformação muito grande em todos nós. Acho que a gente adquire um novo olhar sobre as pessoas, sobre comportamento, sobre as nossas equipes. Nesse mundo on-line, nós entramos na casa de um colaborador, criamos outro relacionamento com essas pessoas tão próximas a nós. Essa é uma transformação e a gente passa a enxergar o nosso negócio de maneira diferente. Talvez a gente espere mais solidariedade, uma preocupação maior com os outro e, claro, isso refletirá no nosso negócio”.
União
Na avaliação de Buchli, os corretores aprenderam muito rápido, não deixaram a peteca cair e fizeram com que o mercado crescesse nesse tempo de pandemia. “De forma geral, (eles) se transformam com muita velocidade e acho que o papel das associações é ajudar seus membros para que eles possam ganhar agilidade nessa velocidade de transformação”.
“Como corretor de seguros e não como representante de entidade, que é o que eu sou e sempre serei, acho que é um privilégio do corretor de seguros ver tanta gente, tantas entidades marchando em linha para melhor orientá-lo, qualifica-lo, informa-lo e defende-lo, talvez poucas atividades profissionais tenham uma representação tão atenta”, afirmou Camillo.
Na visão do presidente da Aconseg-SP, reposicionamento não é virar uma chave de uma hora para e outra e dizer: “vamos nos reposicionar”. “Isso já vinha acontecendo. Se pegarmos uma foto pré-pandemia, de fevereiro, e compararmos com uma foto hoje, entrando nas redes sociais, os corretores que não estavam presentes nesse modelo de negócio era brutal. Hoje, você entra no Instagram e vê corretores ofertando produtos, assessorias convidando para treinamentos. Esse reposicionamento já vem acontecendo”.
No tema alinhamento, Helinho sinalizou que o pensamento das assessorias é ajudar o corretor a prosperar. Já Junior, comentou que alinhamento é o que aconteceu hoje, com a participação das entidades. “O alinhamento é muito importante e acho que não terá muito espaço para as entidades seguirem daqui para a frente se mais união entre elas. Precisamos realmente estar alinhados na mesma intenção, levando o nosso corretor para o novo patamar, o mercado está exigindo isso”.
Buchli defendeu mais união também com outras entidades. “Desejo, como corretor de seguros, que a gente possa encontrar os caminhos para que haja realmente um alinhamento maior e, inclusive, que a gente consiga se alinhar com a Susep. O mercado que a Susep tem que regular é composto por segurados, seguradores e corretores, tudo é feito para o segurado, mas se o corretor não intermediar isso, as coisas não acontecem”.
E Helinho falou sobre o exemplo do seu pai, Hélio Opipari. “Tenho o privilégio de ter um pai vivo, com 75 anos de atuação no mercado de seguros, 75 anos cuidando de corretores, 100% analógico e que enxerga a importância e a necessidade da digitalização. Ele vê nosso mercado de corretores de seguros com uma super oportunidade, nas palavras dele, “o corretor de seguros é insubstituível, ele é essencial”, e acho que esse momento que passamos mostrou tudo isso, o corretor de seguros mostrou toda a importância dele”.
“O corretor de seguros precisa entender que ele é o preferido pelo consumidor, por ser como ele é, pelo que fez, faz e fará, o que não é à toa, não é por acaso. Temor é natural, sentimento de medo é o que faz o ser humano ser o que é. Todos temos que ter temor, mas ele não pode cegar a nossa visão de futuro e de momento para ter o posicionamento adequado”, colocou Camillo.