A evolução da Logística e suas transformações até os dias atuais foram temas de um bate-papo entre o docente da Escola de Negócios e Seguros (ENS), Luiz Macoto Sakamoto, e o presidente do Clube Internacional de Seguros de Transportes (CIST), Alfredo Chaia. Na conversa, o especialista explicou como a Logística se insere no mundo globalizado e de que forma isso impacta as organizações.
Luiz Macoto: Como foi a evolução da Logística até os dias atuais?
Alfredo Chaia: Isso se deu por um processo de migração da “segmentação” para a “integração”. As empresas tinham processos verticalizados – exemplo clássico da Ford implantando uma cidade na Amazônia para extração de borracha para fabricação de pneus – evoluindo para processos integrados, nos quais a empresa se preocupada com seu core business e terceiriza outras atividades, como serviços de limpeza e vigilância.
Esta integração de processos, dentro da própria empresa e também com outras externas, fez com que a Logística começasse a executar novas tarefas, como, por exemplo, a operação de armazéns que manipulam produtos para agregação de lotes para entrega a compradores, sempre visando à racionalização de processos e redução de custos. Cada vez mais a Logística adquire papel estratégico dentro das organizações.
Isso representa economia somente para a empresa ou para a sociedade como um todo?
Representa mais do que economia. Representa a competitividade do próprio País. Os custos logísticos no Brasil respondem por cerca de 20% do PIB, ao passo que, em outros países mais competitivos, esses custos oscilam entre 10% e 15%. Acabam sendo uma desvantagem competitiva para a nossa economia e exportações.
Além da Logística contribuir com a racionalização dos modais de transportes, quais outros benefícios ela gera?
A racionalização e integração dos modais de transportes é a parte mais visível do papel da Logística. Outra parte que é muito importante, mas não tão visível, é a administração de estoques. A racionalização dos processos utilizando a Logística tem com benefício a redução de estoques. Estoques, além do custo das instalações físicas e sua operação, representam “dinheiro parado”, ou seja, são valores que poderiam estar sendo utilizados em atividades produtivas e, no entanto, estão “armazenados, parados” sob a forma de estoque.
Qual o papel da Logística no mundo globalizado?
A globalização e o consequente comércio internacional são uma realidade cada vez mais intensa. Neste contexto, a Logística internacional tem papel fundamental no comércio, especialmente em atividades como transporte de mercadorias, armazenagem, trâmites alfandegários e processos de importação e exportação de mercadorias.
Como ficou a Logística internacional após importantes acontecimentos recentes, como a pandemia e a guerra entre Rússia e Ucrânia?
Esses eventos demonstraram de maneira clara e inequívoca a importância da Logística, quer seja em atividades cotidianas, como receber alimentos em casa pela impossibilidade de locomoção durante a pandemia, como também pela crise de fornecimento de commodities originada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Estes acontecimentos ilustram a nova configuração que assistiremos na geopolítica mundial, e são desafios a serem enfrentados pela Logística internacional.
No contexto brasileiro, qual o papel institucional do Clube Internacional de Seguros de Transportes (CIST) para o setor?
O CIST tem diversas missões institucionais e uma delas é qualificar os profissionais deste segmento. Na área de educação, mantemos convênio com a Escola de Negócios e Seguros (ENS) para oferta de cursos de pós-graduação, visando à especialização dos profissionais. No momento, a Formação Executiva em Logística Internacional de Carga: Riscos, Gestão e Seguros, realizada na modalidade on-line, está com inscrições abertas. O programa tem início previsto para 12 de junho e abrange temas como Comércio Internacional, Logística Internacional, Gestão de Riscos, Contratos Internacionais, Seguros de Transportes Internacional, Sinistros e Regulação, e Avaria Grossa.