As enchentes catastróficas ocorridas essa semana na Líbia, que geraram a perda de milhares de vidas, trouxeram novamente a preocupação de se buscar meios de proteção mais eficazes, aos menos para os riscos patrimoniais decorrentes de tais eventos climáticos, cada vez mais graves.
No Brasil, o aumento da recorrência de desastres naturais tem preocupado o mercado de seguros. Cada vez mais, as seguradoras são acionadas, por pessoas físicas e jurídicas, para pagamentos de indenizações, principalmente após as fortes chuvas que afetaram algumas regiões do país – em fevereiro foi no litoral de São Paulo, já na semana passada foram 11 cidades castigadas por conta das enchentes e a passagem de um ciclone nos municípios de Roca Sales e Muçum, no Rio Grande do Sul, com prejuízos milionários, sem falar na perda de vidas.
O agronegócio também tem sido fortemente afetado no país, não só pelas chuvas, mas também pelas geadas e secas, eventos que impactam significativamente o mercado segurador. Dados divulgados pela Susep (Superintendência de Seguros Privados) mostram que, só no primeiro semestre de 2022, as resseguradoras, que garantem em última instância os riscos assumidos pelas seguradoras, sofreram um prejuízo de R$ 4,6 bilhões com o seguro rural.
Pedro Ivo Mello, sócio do escritório Raphael Miranda Advogados, esclarece que as seguradoras estão revendo processos de subscrição de riscos, preços de prêmios para contratação de seguros e até deixando de oferecer alguns tipos de apólices, especialmente nas regiões mais sujeitas a eventos climáticos graves. “As companhias já estudam estratégias para minimizar os efeitos desses eventos climáticos extremos sobre os riscos segurados. As coberturas contratadas estão mais restritivas e as apólices impõem aos segurados medidas mais exigentes de gerenciamento dos próprios riscos, tudo de forma a diminuir os prejuízos indenizáveis pelo seguro”, afirma ele.
Segundo Mello, apesar dessa restrição de condições de coberturas, a tendência é que os seguros passem a ser mais demandados como uma das ferramentas para enfrentar os riscos climáticos e evoluam para soluções inovadoras, utilizando principalmente os seguros paramétricos, que funcionam baseados principalmente na ocorrência de eventos naturais. “É um produto que poder ser customizado, acionando-se as coberturas sempre que certos eventos, em graus previamente estabelecidos, venham a ocorrer. Se chover mais do que tantos milímetros ou se houver seca por certo período, por exemplo, paga-se a indenização. O funcionamento é bastante simplificado, baseado em parâmetros pré-fixados, podendo ser ajustado de acordo com as características do negócio da empresa e das condições climáticas da região em que se desenvolve aquela atividade, o que significa contratos com cláusulas mais detalhadas, que requerem muita atenção dos segurados”, explica.