Integração com o Open Banking será fundamental para aplicação mais rápida do sistema de seguros aberto
Com o principal conceito de sempre expandir e democratizar o acesso à informação a respeito do mercado financeiro e econômico brasileiro, o Instituto Propague, criado pela Stone em 2019, abriu mais uma conversa em seus canais de comunicação a respeito de um tema relevante para todos os brasileiros: o Open Insurance, ou, em tradução livre, o Sistema de Seguros Aberto.
Open Insurance, assim como o Open Banking, tem o objetivo de fomentar a livre concorrência e o desenvolvimento saudável de inovações por meio da criação de padrões de compartilhamento de dados que viabilizem o surgimento de novos e atrativos produtos dentro do mercado de seguros brasileiro.
Durante webinar promovido pelo Propague na semana passada, Thiago Barata, coordenador de projetos da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), disse que “por trás disso, há diversos conceitos e objetivos bem claros nas novas normas. O primeiro, sem dúvida, é ser um projeto totalmente centrado no consumidor. Isto é, ofertar o poder de decisão ao cliente, seja para compartilhamento de informações dele próprio com as instituições e vice-versa. Além disso, poder gerar um ecossistema que crie produtos mais customizados, portanto, mais próximos do que o consumidor busca ter. Já que haverá um maior histórico de informações e sistemas mais bem trabalhados para poderem atender a determinadas demandas”.
O movimento, na prática, proporciona que todas as companhias utilizem o sistema em conjunto. E isso só é executável por meio do uso das APIs (Application Programming Interfaces) como padrões de integração e segurança. Com elas será possível que todas as seguradoras, bancos, fintechs e outros players dialoguem na mesma língua.
Para Pedro Pinheiro, líder de regulação financeira da Stone, duas inovações regulatórias merecem destaque nesse momento de Open Insurance. “A primeira é a criação da figura da sociedade iniciadora de serviço de seguro, que é uma sociedade anônima – definida pela norma – que representa o cliente em serviços de iniciação e que traz para esse ambiente os menores players (insurtechs, por exemplo), que apresentam potencial imenso de transformação dos modelos de distribuição de seguros que são conhecidos hoje pelo mercado brasileiro; a segunda é o compartilhamento de dados relacionados a registros feitos por dispositivos embarcados, conectados ou utilizados pelo cliente”.
O projeto do Open Insurance será executado em três grandes fases. No primeiro momento haverá as entregas de dados públicos, ou seja, compartilhamento de canais de atendimento das empresas, padronização de informações de principais produtos de seguros, como os de automóveis, previdência, pessoas, capitalização e residencial. Essa etapa deverá ser concluída até junho de 2022.
Na segunda fase, estimada para iniciar em setembro de 2022, entrarão os dados pessoais a partir do momento que houver desejo do segurado em disponibilizar tais informações. A terceira e ultima fase é a de serviços. E nesse caso, serviços poderão ser compartilhados como, por exemplo, portabilidades de produtos, comunicações de avisos de sinistros, entre outros, tudo realizado de forma automatizada. O desejo é que o projeto esteja finalizado e rodando 100% até dezembro do ano que vem.
“Da nossa parte, um dos pleitos que reforçamos é o máximo aproveitamento possível das estruturas do Open Banking, para evitar a duplicação de esforços e recursos e, dessa maneira, gerenciar as potenciais dificuldades da existência de dois trilhos que caminham paralelamente, mas que precisam conversar. Ter uma estrutura compartilhada trará mais benefícios do que ter duas que sejam interoperáveis”, reforça Pinheiro.
O Open Banking e o Open Insurance estão abrindo as portas para a entrada do Open Finance, que é uma abertura mais abrangente do sistema financeiro. Esta ação de Open Finance não é exclusiva do Brasil, é uma movimentação global, mas que há diferenciações de acordo com a necessidade de cada País. No Reino Unido, por exemplo, o foco maior é na concorrência. Já no Sudeste Asiático, é a busca pela inovação, ou seja, há uma demanda por padrões, tecnologias e modernizações. Aqui no Brasil, o foco está em reduzir as travas existentes atualmente no mercado financeiro brasileiro, com foco no consumidor e pequenos e médios empreendedores, gerando maior oferta de produtos e concorrência mais livre e justa, além da inclusão financeira de milhões de brasileiros.