Os desafios e perspectivas para o setor sob a ótica da CNseg foram abordados pelo Presidente da Confederação Nacional das Seguradoras, Marcio Coriolano, em webinar realizado em 29 de julho pelo Sindicato das Seguradoras de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal (SindSeg MG/GO/MT/DF).
Com a condução do Presidente do SindSeg organizador, Marco Neves, e participação do corretor e Presidente do Conselho Empresarial de Seguros da Associação Comercial de Minas Gerais, Sérgio Frade, o evento teve início com Coriolano explicando que a CNseg é uma entidade associativa, que representa o setor junto aos seus públicos de interesse.
Desempenho do mercado de seguros em números
O ano de 2019, informou o Presidente da CNseg, foi “esplendoroso” pra o setor, com a arrecadação alcançando a cifra de R$ $270,2 bilhões e crescendo nominalmente 12,4% em relação ao ano anterior. Em 2020, com a pandemia, o crescimento nominal foi de apenas de 1,3%, “mas, à medida em que fomos saindo do momento mais crítico da crise”, afirmou, o mercado voltou a crescer e agora, em 2021, até abril, registrou uma variação nominal positiva de 15,5%, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
O Presidente da CNseg também explicou que o setor segurador acompanha os ciclos econômicos e, assim, quando produção, emprego e renda crescem, o setor também cresce, como pode ser constatado no gráfico abaixo, comparando-o com o PIB.
Concluindo a parte da apresentação referente aos números de desempenho, Coriolano comentou que “se há um setor econômico resistente a crises e particularmente resistente a esta crise epidemiológica, que se tornou uma crise de mobilidade, que se tornou uma crise econômica, este é o setor segurador”.
Movimento regulatório recente
Além dos desafios financeiros enfrentados pelo setor em 2020, afirmou o Presidente da CNseg, a nova diretoria da Susep, que assumiu no início de 2019 com a proposição de modernizar o mercado, implementou várias mudanças regulatórias, que também representam desafios para o setor.
Entre os movimentos regulatórios que mais tem “povoado as nossas preocupações” está “o regime para abrir informações do mercado”, denominado de Open Insurance. Segundo ele, “é o principal projeto regulatório que vai trazer um impacto extraordinário para o nosso mercado de seguros. Não existe e acho que nunca existiu outra medida que tenha mobilizado tanta informação, gere tantas dúvidas e incertezas e necessite de tanto investimento”, afirmou.
Perspectivas. O que se pode esperar?
Sobre o mercado, a expectativa da CNseg, informou Coriolano, é que ele sofra uma grande expansão, com o consumidor cada vez mais no centro do negócio, inclusive, devido à “eclosão formidável dos meios remotos alavancados pela pandemia”, fornecendo as ferramentas necessárias para que os consumidores aprendam a fazer as melhores escolhas em termos de proteção securitária.
Abordando o ambiente competitivo, ele afirmou que vivemos uma “revolução silenciosa”, com o surgimento de novos players nacionais e estrangeiros, com o aumento das fusões e incorporações, a revisão dos modelos de negócio por parte de muitas seguradoras e devido ao modelo regulatório de proporcionalidade.
Em relação ao ambiente econômico, que é desafiador para a manutenção dos mesmos níveis de rentabilidade, devido às baixas taxas de juros, ele disse que, nessas circunstâncias, a governança e a gestão de risco tornam-se ainda mais importantes.
A respeito do ambiente da demanda, que está exigindo uma maior segmentação, Coriolano prevê o surgimento de novos produtos e o crescimento da importância dos seguros inclusivos para a população com menor poder aquisitivo.
Por conta da consolidação tecnológica, do maior acesso à informação e às instituições de proteção dos consumidores, das mudanças regulatória e do surgimento das insurtechs, disse Coriolano, a experiência do cliente vai ser “mandatória”.
E, por fim, abordando a questão da comunicação com a sociedade, disse que é preciso que o setor divulgue a todo o tempo os fundamentos do seguro e de seus produtos, para que os consumidores possam fazer as melhores escolhas. O Presidente da CNseg também afirmou, porém, que a comunicação com a sociedade não deve se limitar aos consumidores, mas também aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
A importância dos corretores
Indagado pelo Presidente do Conselho Empresarial de Seguros da Associação Comercial de Minas Gerais sobre a intermediação no negócio, Coriolano disse acreditar que os corretores continuarão a existir devido à importância e complexidade do produto chamado seguro e da complexidade do processo de avaliação das necessidades de proteção de cada indivíduo.
O problema das associações de proteção veicular
Sobre o problema das associações que comercializam a chamada proteção veicular, levantado pelo Presidente do SindSeg, o Presidente da CNseg afirmou que não há nenhum impedimento legal para que essas associações ofereçam proteção para risco, mas, de acordo com as normas legais, elas só podem oferecer essa proteção aos seus associados, “que devem ser um conjunto muito bem definido de pessoas”, afirmou. “O que elas não podem fazer é oferecer a proteção indistintamente a qualquer um”, concluiu.
Para Coriolano, os maiores problemas dessas associações são a falta de necessidade de prestação de contas aos órgãos de defesa do consumidor e de constituição de reservas financeiras para honrar seus compromissos, sendo, na sua visão, a fiscalização, o melhor remédio.
Já ao fim do webinar, o Presidente da CNseg destacou a importância de eventos como este para a reflexão sobre as realizações e desafios que se colocam em um mercado tão grande e complexo como o segurador. Confira o vídeo completo do evento aqui.