Setor Segurador participa de grupo de trabalho do G-20 para Mobilização Global contra a Mudança do Clima

CNseg defendeu que o Seguro é um ator-chave na agenda de emergência climática

Dyogo Oliveira

O setor segurador é crucial para construir soluções para a agenda climática mundial, incentivando uma exposição a um menor risco e permitindo investimentos na transição, disse o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira, durante reunião do grupo de trabalho do G20 em que discutiu a construção de um mundo justo e um planeta sustentável, nesta sexta (12), em Belém, no Pará. Segundo ele, nenhum outro setor entende e gerencia melhor os riscos do que o de seguros.

Dyogo falou durante painel que tratou dos efeitos dos riscos climáticos ao lado de Avinash Persaud, assessor especial do BID para Mudanças Climáticas e Jorge Hargrave, vice-presidente da força-tarefa do B20 sobre Finanças e Infraestrutura e diretor da Maré Investimentos. Esse grupo de trabalho é responsável por elaborar as propostas que serão posteriormente aprovadas pelos chefes de estado do G-20, em novembro, na Cúpula que acontecerá no Brasil.

O presidente da Confederação ressaltou, em seu discurso, que este encontro do G20 acontece dois meses após a tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul que causou mortes e muita destruição. O setor segurador já registra R$ 4 bilhões em sinistros relacionados ao desastre climático, cobrindo várias áreas, incluindo automotivo, residencial, agrícola e grandes riscos. Neste cenário, as empresas já veem que sua responsabilidade e compromisso social estão crescendo, pontuou.

Em sua fala, o executivo da CNseg alertou que no ano passado, o impacto dos desastres naturais na economia global foi de US$ 380 bilhões, mas apenas 30% (aproximadamente US$ 118 bilhões) desse valor foram cobertos por seguros, revelando uma lacuna de proteção de 70%. Aqui no Brasil, os desastres naturais geraram uma perda total de US$ 10 bilhões em 2023, e apenas 5% (US$ 475 milhões) foram cobertos pelo seguro, revelando uma lacuna de proteção de 95%, disse.

“Certamente esses números e essa realidade confirmam a percepção de que o seguro é um ator-chave na agenda de emergência climática. A crise climática já está entre nós e afeta fortemente as diferentes camadas da sociedade e por isso nosso compromisso deve ser agir com a máxima eficácia e urgência”, destacou.

A CNseg tem se comprometido e trabalhado intensamente para expandir sua participação em vários fóruns focados na emergência climática e defende que o setor segurador tem que ser contemplado nestas agendas, de acordo com o executivo. “A ideia é enfatizar que o seguro não é apenas uma parte fundamental da agenda de adaptação, porque leva riscos de outras partes interessadas, mas também porque é crucial para impulsionar a agenda climática, incentivando uma exposição a um menor risco e permitindo investimentos na transição”.

Entre as propostas do setor estão o Seguro Social contra Catástrofe, um instrumento de proteção que pretende indenizar famílias vítimas de inundações ou deslizamentos de terra. Além disso, recentemente, a CNseg fechou parceria com o UNEP FI – a Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – com o objetivo de criar ferramentas para melhor avaliar os impactos dos riscos climáticos nas operações das seguradoras considerando diferentes cenários do país. O mercado de seguros depende de dados históricos.

“Os eventos climáticos estão cada vez mais criando cenários que se desviam dos padrões estabelecidos e por isso é necessário revisitar suposições para incorporar a avaliação preditiva, que agora é ainda mais baseada na ciência climática”, explicou.

Tanto o projeto da UNEP-FI quanto o Seguro Social contra Catástrofe estão listados no documento “Propostas do Setor de Seguros para a Agenda do G20”, recentemente apresentado ao Ministério das Relações Exteriores e ao Ministério das Finanças. Este documento foi produzido pela CNseg e foi endossado pela Federação Global de Associações de Seguros (GFIA).

Além disso, Dyogo defendeu a necessidade de estabelecer produtos de seguros para cobrir a infraestrutura nacional e expandir produtos para o setor agrícola, pois esses são setores-chave para o crescimento econômico e de desenvolvimento brasileiro. “Hoje, temos o prazer de enfatizar a posição e o compromisso do setor de seguros com as prioridades estabelecidas pelo Brasil na Presidência do G20. Seguros e clima são tópicos que cada vez mais andam de mãos dadas”, concluiu.

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