Karin Fuchs
Recentemente, foi divulgado um relatório do Swiss Re Institute mostrando que os mercados emergentes enfrentam um déficit de poupança previdenciária de US$ 5,4 trilhões para cada ano de aposentadoria de seus trabalhadores ou US$ 106 trilhões em termos cumulativos. Na América Latina, o déficit é de US$ 514 bilhões ao ano ou US$ 50 mil por trabalhador, em média. Já o Brasil tem a maior lacuna da região devido à sua grande população trabalhadora.
Enquanto na América Latina a economia de US$ 514 bilhões por ano soma um acumulado de US$ 10 trilhões em todas as aposentadorias dos trabalhadores, o Brasil tem a maior economia de pensões por ano, em US$ 180 bilhões. O País tem a maior adequação previdenciária, com fundos estimados capazes de fornecer cerca de 50% da renda necessária.
Frederico Knapp, head Reinsurance Brazil & South Cone, Swiss Re, comenta que a menor poupança previdenciária em mercados emergentes está atrelada ao emprego e à renda, e também à informalidade. “Em função mais de políticas estruturais do que efetivamente da parte de seguros e de acúmulo de poupança”, informa.
Na avaliação do executivo, a melhor situação do Brasil na América Latina é em função do País ter vivenciado um período de hiperinflação e a cultura da poupança ter sido mais disseminada. “O que foge um pouco de outros mercados da América Latina e dos Estados Unidos, muito por conta dessa questão cultural e dos momentos de hiperinflação que vivemos no passado”.
Para ampliar mais o acesso, o estudo sugere a criação de novos produtos e coberturas flexíveis. “O primeiro ponto é conseguirmos começar a vincular o seguro de vida com previdência privada de forma mais efetiva, trazendo os benefícios que esse vínculo proporciona ao segurado e à população, e não necessariamente focando-os de forma individual. Quando combinado os dois, o produto fica mais apelativo para o consumidor final”, afirmou.
Longevidade
Outro ponto é a questão da longevidade. Pelo levantamento do Swiss Re Institute, os mercados emergentes, até 2050, terão quase 80% da população mundial com 65 anos ou mais. Porém, em média, apenas cerca de 30% de seus trabalhadores estão cobertos por qualquer tipo de regime formal de renda de aposentadoria.
“Há dez anos, nós éramos um país extremamente jovem e temos dois fatores principais: a longevidade efetiva individual, mesmo com a covid-19 nós temos uma expectativa de vida boa, e o segundo é o envelhecimento da população como um todo. Olhando para trás, nós não tivemos uma grande poupança como poderíamos ter”, comentou.
Parceria
Muito mais do que compartilhar e pulverizar o risco, o segundo pilar do ressegurador é ajudar na construção de produtos. “Por termos uma capilaridade internacional e global, conseguimos trazer ideias de produtos que funcionam em outros países, como China, Europa e Estados Unidos. O ressegurador é visto como uma opção de inovação em produto e até na parte de tecnologia”.
Exemplo disso é a parceria da Swiss Re com a BrasilPrev para o lançamento do Brasilprev Flex, que tem exatamente as características de previdência privada e seguro de vida. “Além do compartilhamento do risco, nos ajudamos com uma ferramenta para a subscrição do risco. Uma solução focada na digitalização dos processos de subscrição”, disse Knapp.
Ele acrescentou que pela capilaridade internacional, a Swiss Re consegue entender tendências que já estão avançados na Índia e na China. “São dois grandes mercados relevantes para o grupo e conseguimos importar algumas tendências. Nós temos uma função muito importante para ter essa conexão do resseguro e de ferramentas também”, concluiu.