ANS divulga dados econômico-financeiros de 2024

Dados divulgados pela ANS indicam retomada da sustentabilidade econômica, com crescimento do lucro líquido e redução da sinistralidade

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulga nesta terça-feira, 18/03, os dados econômico-financeiros referentes ao ano de 2024. As informações estão disponíveis no Painel Econômico-Financeiro da Saúde Suplementar, que permite a consulta por trimestre desde 2018.

As informações contábeis enviadas pelas operadoras de planos de saúde e pelas administradoras de benefícios à ANS demonstram que o setor registrou lucro líquido de R$ 11,1 bilhões em 2024 (aumento de 271% em relação ao ano anterior). Esse resultado equivale a aproximadamente 3,16% da receita total acumulada no período, que foi aproximadamente R$ 350 bilhões. Ou seja, para cada R$ 100,00 de receitas, o setor auferiu cerca de R$ 3,16 de lucro ou sobra.

Nos números agregados, o desempenho econômico-financeiro é o mais positivo para o período desde 2020 (primeiro ano da pandemia de Covid-19).

Nos números agregados, o desempenho econômico-financeiro é o mais positivo para o período desde 2020 (primeiro ano da pandemia de Covid-19).

Resultado das operadoras médico-hospitalares

As operadoras médico-hospitalares – que são o principal segmento do setor – impulsionaram o resultado positivo total, somando lucro líquido de R$ 10,2 bilhões.

O desempenho deste segmento consolida a recuperação do resultado ligado diretamente às suas atividades diretas – com saldo positivo de R$ 4 bilhões na diferença entre as receitas e despesas diretamente relacionadas às operações de assistência à saúde, patamar próximo ao dos anos pré-pandemia de Covid-19. Essa recuperação do resultado operacional se deu em todas as modalidades, exceto autogestões, que tiveram prejuízo operacional na ordem de R$ 2,1 bilhão, superando o prejuízo do ano anterior.

A remuneração das aplicações financeiras acumuladas pelas operadoras médico-hospitalares – que totalizaram R$ 120 bilhões ao final de 2024 – continua a contribuir fortemente com a composição do seu resultado líquido total. Em 2024, o resultado financeiro foi positivo em R$ 8,5 bilhões, reduzindo 23,7% em relação a 2023.

“Os dados de 2024 refletem um setor que se reequilibra financeiramente após os desafios dos últimos anos. A recuperação do resultado operacional das operadoras médico-hospitalares e a estabilidade dos rendimentos financeiros indicam um ambiente mais sustentável. A ANS segue monitorando de perto os indicadores econômico-financeiros para garantir que essa trajetória de recuperação se traduza em maior previsibilidade e solidez para o setor, sem comprometer o equilíbrio entre receitas e despesas assistenciais e o atendimento dos beneficiários”, analisa o diretor de Normas e Habilitação das Operadoras da ANS, Jorge Aquino.

Resultado por porte de operadora médico-hospitalar

O painel Econômico-Financeiro também possibilita a análise dos resultados por porte de operadora.

É possível verificar, conforme o gráfico a seguir, que as operadoras médico-hospitalares de grande porte foram responsáveis pelo melhor desempenho no setor, registrando, em números agregados, R$ 9,2 bilhões de lucro líquido em 2024 (R$ 10,1 bilhões a mais que no anterior).

No gráfico acima, é possível observar a evolução do resultado líquido das operadoras médico-hospitalares por porte a cada ano.

Sinistralidade

A sinistralidade, principal indicador que explica o desempenho operacional nas operadoras médico-hospitalares, registrou somente no 4° trimestre de 2024 o índice de 82,2% (1,5 pontos percentuais abaixo do apurado no ano anterior), conforme gráfico a seguir, o que indica que em torno de 82,2% das receitas advindas das mensalidades são utilizadas com as despesas assistenciais. Esta é a menor sinistralidade registrada em um 4° trimestre (isoladamente) desde 2018.

O gráfico acima apresenta a evolução da sinistralidade das operadoras médico-hospitalares somente no 4° trimestre de cada ano.

A redução da sinistralidade nos números agregados resulta da reorganização financeira promovida pelo setor desde 2023, especialmente nas operadoras de grande porte, a fim de recuperar os resultados na sua operação, no qual se verifica a recomposição gradual das mensalidades em patamar superior à variação das despesas assistenciais.

No Painel Econômico-Financeiro da Saúde Suplementar também é possível consultar o desempenho individual por operadora de plano de saúde.

Atlas Econômico-Financeiro da Saúde Suplementar

A ANS também atualizou com os dados de 2024 o Atlas Econômico-Financeiro da Saúde Suplementar, que oferece uma visão concorrencial do setor, com índices de concentração, identificação das operadoras que possuem as maiores fatias de mercado e quantidade de planos comercializáveis para cada um dos 148 mercados relevantes de planos individuais e familiares, coletivos por adesão e coletivos empresariais.

Destaca-se a melhoria contínua nos índices de concentração dos planos coletivos empresariais, com o aumento da quantidade de mercados relevantes com menor concentração.

O gráfico abaixo apresenta o percentual de mercados relevantes em cinco diferentes faixas de concentração: as faixas à esquerda representam mercados menos concentrados, ao passo que as faixas à direita representam mercados mais concentrados. Enquanto o percentual de mercados menos concentrados (verde escuro) cresceu para 16,22%, o de mercados excessivamente concentrados (azul escuro) caiu para 2,7%.

Fonte: Atlas Econômico-Financeiro da Saúde Suplementar.

Já nos planos individuais ou familiares, a tendência é inversa, ou seja, com aumento do percentual de mercados mais concentrados ao longo dos anos. Nos planos coletivos por adesão, o quadro é de estabilidade ao longo da série histórica, porém com aumento de concentração entre 2023 e 2024.

Entenda os conceitos

Resultado operacional: é a diferença entre as receitas e despesas da operação de saúde (receita das contraprestações/mensalidades e outras receitas operacionais deduzidas as despesas assistenciais, administrativas, de comercialização e outras despesas operacionais).

Resultado financeiro: é a diferença entre as receitas e despesas financeiras.

Resultado líquido: é a soma dos resultados operacional, financeiro e patrimonial, acrescidos do efeito de impostos e participações.

Sinistralidade: de forma geral, representa o percentual das receitas assistenciais (advindas das contraprestações/mensalidades) que são utilizadas com o pagamento de despesas assistenciais.

Mercado relevante: é “o menor espaço econômico no qual seja factível a uma empresa, atuando de forma isolada, ou a um grupo de empresas, agindo de forma coordenada, exercer o poder de mercado” (CADE, 2001).

Índices de concentração: são indicadores que visam medir o grau de concentração de cada mercado relevante.

HHI (Herfindahl-Hirschman Index): é o índice de concentração mais amplamente utilizado pelas autoridades antitruste no mundo, inclusive pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

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