Apesar de a prevalência ser maior na população de 60 anos ou mais, Instituto constata aumento dos casos entre mais jovens. Hábitos de vida e alimentares, além de exames preventivos, diminuem significativamente o risco da doença
Os casos de câncer colorretal, o terceiro mais letal dessa doença, apresentam crescimento de 80,3% no Brasil no período de 2015 a 2023, conforme uma análise realizada pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) com base nos dados de diagnóstico e atendimentos realizados pelos planos de saúde. Cerca de 25% da população brasileira, ou 51,5 milhões de pessoas, contavam com plano de saúde em novembro de 2024. Ao identificar o aumento da incidência da doença na base de beneficiários, o trabalho do IESS lança um alerta sobre a necessidade de campanhas de conscientização e programas de rastreamento para reduzir a incidência e mortalidade por câncer colorretal entre os brasileiros.
O estudo, intitulado “Câncer Colorretal Na Saúde Suplementar, Tendências E Desafios”, apresenta dados importantes:
- Em 2015, foram registrados 1.954 casos da doença entre beneficiários de planos de saúde;
- Em 2023, foram 4.465 casos, uma alta de 80,3%;
- Considerando a incidência a cada 100 mil beneficiários, o número saltou de 5, em 2015, para 8,8, em 2023;
- A maior prevalência da doença está entre pessoas de 60 anos ou mais, mas o estudo identifica o crescimento significativo entre os mais jovens, nos grupos de 20 a 39 anos e de 40 a 59 anos;
- Em números absolutos, há maior incidência da doença sobre as mulheres; quando analisados os casos a cada 100 mil beneficiários, há maior prevalência entre os homens.
O câncer colorretal é amplamente prevenível por meio de medidas relacionadas ao estilo de vida e à realização de exames regulares. A origem é multifatorial, envolvendo uma combinação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais.
A adoção de uma dieta equilibrada rica em fibras e pobre em gorduras saturadas é fundamental na prevenção desse tipo de câncer. O consumo abundante de frutas, legumes, verduras e grãos integrais auxilia na manutenção da saúde intestinal. Além disso, a redução do consumo de alimentos ultraprocessados e carnes vermelhas processadas pode diminuir significativamente o risco de desenvolvimento de pólipos que podem evoluir para câncer. A prática regular de atividade física também desempenha um papel crucial na prevenção do câncer colorretal.
O crescimento da incidência de câncer colorretal no Brasil segue uma tendência mundial. Segundo dados da Rede Global do Fundo Mundial de Pesquisa contra o Câncer (WCRF, sigla em inglês), o mundo registrou, em 2022, 1,92 milhão de casos, sendo que o Brasil ocupou a sétima posição global, com 60,11 mil novos casos naquele ano. A taxa padronizada por idade (ASR, sigla em inglês) ficou em 19,8 por 100 mil habitantes no Brasil, e, globalmente, a taxa ASR foi de 18,4.
O estudo do IESS aponta que “as projeções para os próximos anos indicam que o câncer colorretal continuará sendo uma preocupação significativa de saúde pública”. A Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC) estima que, até 2040, o número de novos casos anuais de câncer colorretal alcance cerca de 3,2 milhões globalmente, um crescimento acima de 50% em relação aos padrões atuais.
O tratamento varia conforme as características e dependendo do estágio da doença no momento do diagnóstico. As opções incluem cirurgia para remoção do tumor, quimioterapia, radioterapia e, em alguns casos, terapias direcionadas ou imunoterapia. Os avanços na medicina têm proporcionado tratamentos mais eficazes e menos invasivos, melhorando a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes. A detecção precoce continua sendo o fator mais importante para o sucesso do tratamento do câncer colorretal. Quando diagnosticado nos estágios iniciais, as taxas de cura são significativamente mais altas, o que reforça, segundo o estudo do IESS, a conscientização sobre os sintomas, fatores de risco e a importância dos exames preventivos, como colonoscopia e detecção de sangue oculto nas fezes.