Muito além de ser responsável primordialmente por materializar e modernizar as grandes tendências e inspirações da moda e seus mais diversos estilos, a indústria têxtil é, de fato, grandiosa em vários termos. No mundo está entre as quatro maiores produtoras de malhas, é uma indústria que tem quase 200 anos no país e é fazendo história que conquistou toda a economia.
Mas um mercado tão consolidado como esse deu sinais de dificuldades nos anos conturbados politicamente e economicamente. Apesar disso, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), as exportações do setor cresceram. O ano de 2022 aumentou 7,53% se comparado com 2021, passando de US$ 1,06 bilhão para US$ 1,14 bilhão. E os dados da importação indicam aumento de 15,07%, variando de US$ 5,16 bilhões para US$ 5,94 bilhões.
Este ano a expectativa é fechar com crescimento de até 5%, em comparação a 2022. De acordo com Diogo Arndt, economista, sócio co-fundador e presidente do Conselho de Administração da Rede Lojacorr, maior rede de seguradoras independentes do país, a dificuldade está em estabilizar esse crescimento dentro deste cenário econômico delicado. “O país ainda está em clima de grandes incertezas sobre os rumos da política econômica, pela inflação e o preço alto de matérias primas que já vem se estendendo ou por tantos outros obstáculos socioeconômicos. O que se vê agora é que aos poucos o mercado se reaquece, desacelera inflação e o ano não se torna de crescimento, mas sim de mudanças”, relata.
Mas se por um lado economicamente o mercado têxtil está estável, crescendo timidamente, o setor sofre com outra questão: com a aquisição de cobertura de seguros. Para Luiz Ernani Lepchak, diretor da Regional Sul da Rede Lojacorr, o que tem se notado é que “há um risco que envolve matéria prima como o algodão e estão com algumas restrições, o que acaba tornando um grande empecilho no processo de seguro das empresas desse segmento”, explica.
Ainda de acordo com Luiz Ernani, são diversos fatores que fazem com que as seguradoras tenham dificuldades em gerar cobertura para esse segmento “No geral, entende-se que a Indústria Têxtil como um todo é de grande risco. Dispõe de um estoque considerável de fibras naturais e artificiais, possui retalhos e tecidos ao longo do processo e trabalha com muitos produtos químicos o que coloca o espaço como um risco forte de incêndios ou até explosões. Também falamos de um setor que gera muita poeira nos locais de produção, aumentando as chances de causar problemas respiratórios”, define. No geral, Luiz Ernani frisa que é uma indústria que precisa de total cuidado. “Por ter muitas etapas de produção, qualquer falha e/ou desatenção mecânica, falta de manutenção, sobreaquecimento e acidentes podem causar danos irreversíveis”, alerta ele.
Como peça fundamental para a proteção dos negócios de qualquer empresa, o seguro busca prevenir desde pequenos a grandes prejuízos para a companhia atendendo diferentes tipos de riscos, desde roubo, incêndio ou até invasões cibernéticas. Segundo Lepchak, a empresa deve sempre buscar o cuidado. “Exercer prevenção de riscos, fazer constantes supervisões, aumentar a segurança, identificar os perigos e garantir um seguro de grandes riscos adequado à necessidade de uma indústria têxtil”, aponta.
Por outro lado, tem o papel do corretor. Que deve fazer essa intermediação, buscar a melhor oferta, a personalização da apólice, ser o apoio e o negociador insistente. Prestar consultoria completa, do começo ao fim. E, por outro, há as seguradoras que precisaram adequar seus produtos para atender a indústria têxtil e não sair no prejuízo. “Deve adaptar contratos, flexibilizar alternativas, mas garantir cobertura que fique satisfatória e segura para ambos” finaliza Luiz Ernani.