Responsável pela cobertura de dois dos quatro caminhões envolvidos no desabamento da ponte no Rio Tocantins, seguradora afirma que falta de infraestrutura nas rodovias e aumento na incidência de desastres naturais expõe transportadores a riscos mais elevados
A precariedade da infraestrutura de rodovias tem colocado em alerta proprietários da carga, agentes e embarcadores para a importância da contratação de coberturas adicionais em seguros de transporte. Nos três primeiros trimestres de 2024, a Akad Seguros registrou um aumento de 25% nas solicitações de cotação para o RC Transportador, modalidade que protege a carga de carretas e caminhões contra perdas materiais decorrentes de acidentes, colisões, incêndios, entre outros eventos naturais.
A seguradora digital foi responsável pela cobertura de dois dos quatro caminhões envolvidos no desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira entre Tocantins e o Maranhão, em dezembro do ano passado. Na ocasião, o vão central da ponte cedeu, causando a queda dos veículos no Rio Tocantins. Segundo a Akad, a indenização por perda das cargas estimasse em torno de R$ 250 mil por veículo.
“Diante de um evento inevitável e inesperado como esse, o seguro pode suprir de alguma previsibilidade os transportadores, minimizando os prejuízos financeiros”, afirma Ivor Moreno, Head de Transportes da Akad Seguros”. “Ao mesmo tempo, a recorrência de desastres naturais, somados à precariedade na infraestrutura de algumas estradas e rodovias, acaba deixando os veículos ainda mais expostos a danos”, alerta o executivo.
O aumento exponencial na incidência de desastres naturais surge como outro fator de risco. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), emitiu 3.620 alertas de desastres em 2024. O número é o maior desde o início das atividades de monitoramento, em 2011. Cerca de 53% dos alertas foram de risco geológico, envolvendo sobretudo deslizamentos de terra. Os demais 47% foram associados a riscos hidrológicos, como enxurradas e transbordamentos de rios e córregos. Ambos os riscos, segundo a Akad, podem comprometer as condições da carga.
No início do mês de janeiro, chuvas intensas no Sergipe derrubaram um trecho da rodovia SE-438, no município de Capela, abrindo um buraco na pista e arrastando dois veículos para a água. Já na última semana, temporais no litoral de Santa Catarina causaram a abertura de uma cratera na BR-101, na altura da cidade de Biguaçu, engolindo um motociclista.
Entre os meses de abril e maio do ano passado, o setor de transporte de cargas e logística teve uma amostra das proporções catastróficas de um desastre climático com as enchentes no sul do País. Segundo a Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), 99% das empresas não estavam protegidas contra inundações e não possuíam seguro total do caminhão.