Das seguradoras que adotarão a norma, 55% informaram já estar em fase de implementação dos processos para atendimento
A PwC Brasil estima que as seguradoras brasileiras estejam investindo cerca de R$ 630 milhões com projetos para adoção da IFRS 17 (International Financial Reporting Standards 17), que introduz uma conceituação mais consistente na mensuração de prêmios dos contratos de seguros e aumenta a comparabilidade das demonstrações financeiras nessa prática. Em média, o investimento estimado por seguradora é de R﹩26 milhões, considerando uma transformação financeira necessária – esta é uma das descobertas da IFRS 17 – Pesquisa de Prontidão do Mercado Segurador, realizada com 45 seguradoras que representam 90% do mercado e mais de R﹩ 1 trilhão em valores de provisão técnica.
“É importante destacar que a IFRS 17 vai promover alterações significativas na mensuração e preparação de demonstrações financeiras das companhias de seguros. Com ela, será possível comparar adequadamente resultados de diferentes seguradores, de diversos países, de forma muito mais precisa e adequada”, destaca Carlos Matta, sócio da PwC Brasil.
De acordo com o estudo, 88% das empresas adotarão a IFRS 17, sendo exceções as seguradoras que emitem apenas relatórios locais ou que contam com matrizes não europeias. Destas, 55% estão em fase de implementação do projeto, e 32% em análise de impactos. Cerca de 9% estão na fase de desenho e planejamento, e 5% em fase de consolidação. A pesquisa traz dados também sobre a duração estimada da implementação: dois anos ou mais (42%), entre um e dois anos (21%) e até um ano (37%).
“Muito mais que uma importante mudança na forma de registrar contabilmente o seguro ou resseguro, a nova norma desafia o gestor das seguradoras e resseguradoras a repensar o modelo de precificação dos contratos, alinhando-o às expectativas de geração de fluxo de caixa, ajuste de risco e margem de lucro que deseja atingir, e considerando os critérios de classificação e granularidade dos dados dos contratos conforme exigido pela norma. Pode ser uma transformação financeira interessante para algumas companhias”, destaca Claudia Eliza, sócia de consultoria de seguros da PwC Brasil.
Quanto às abordagens de implementação, o mercado atualmente se divide entre considerar o programa como parte de um projeto total ou parcial de transformação financeira (59%) ou adotar um compliance mínimo com a IFRS 17 (41%). Não há relação direta entre o tamanho da seguradora e a abordagem empregada.
A pesquisa ainda revela que 50% das equipes internas têm conhecimento básico sobre os itens atuariais e contábeis requeridos pela IFRS, com 25% apresentando nível intermediário e 25% nível avançado de conhecimento. “O mercado afirma compreender os impactos tecnológicos da adoção da IFRS 17, principalmente pela relevância atual dentro dos processos”, afirma Luís Ruivo, sócio da PwC Brasil. “Embora a implantação seja um desafio, os benefícios e as oportunidades que surgirão – como a comparação da contabilidade estratégica dos seguros no Brasil com outros países – irão valer a pena”, afirma.
Entre os principais desafios, 74% das seguradoras apontam que a capacitação das equipes internas (atuarial, contábil e de tecnologia) e a indisponibilidade de recursos capacitados no mercado de trabalho terão alto impacto na implementação. Outras 68% indicam a mudança significativa nos roteiros contábeis, a necessidade da contabilização em mais de um padrão (dada a divergência entre regulamentação contábil Susep e normas IFRS) e a seleção das plataformas tecnológicas disponíveis para modelagem de fluxos de caixa e motores de cálculo como principais pontos de atenção.
Todas as companhias de seguros que emitem relatórios de acordo com a IFRS serão afetadas pela nova norma, que deve entrar em vigor em 1º de janeiro de 2023.