Com um time de jovens executivos liderado por Heverton Peixoto, a corretora superou turbulências e quer se tornar referência em três vertentes
Karin Fuchs
Em 2017, Heverton Peixoto foi convidado para promover a transformação digital da Wiz Soluções. Em 2018, ele assumiu como CEO. “A missão era criar um conglomerado a partir do que a empresa era, a corretora da Caixa Econômica Federal. Montamos a arquitetura e o modelo de gestão para possibilitar uma diversificação. Criamos uma holding de 12 empresas, com 16 operações distintas, e com uma visão muita clara de cada executivo em seu escopo. Nós não concorremos entre nós”, afirma.
De lá para cá, Peixoto e equipe enfrentaram turbulências e as administraram bem. “Em 2018, fomos informados do fim do contrato com a Caixa Econômica Federal, que era 100% da receita da companhia. O banco decidiu mudar o modelo comercial, após parceria de tantos anos, na qual fizemos tanta diferença no seu balcão”.
Desde o anúncio, mais de seis novos contratos com clientes foram firmados pela Wiz, entre eles com o Inter, o BMG e o Itaú, e mais recentemente com a rede de concessionários da Fiat. Um vínculo com a CAOA está em negociação. “Em 2020, a Wiz faturou R$ 905 milhões. Em dois anos, seremos maiores do que éramos antes de perdermos o contrato com a Caixa”, prevê.
No final do ano passado, a Polícia Federal trouxe à tona investigação envolvendo ex-funcionários da gestora de canais de distribuição de seguros e produtos financeiros. “Nunca me esquecerei de 26 de novembro. Estava no avião quanto recebi a informação de que sofríamos busca e apreensão. Imediatamente trouxemos um comitê de apuração independente, com total autonomia, reportando ao Conselho de Administração, para apresentar a verdade dos fatos. Defendemos que a companhia não ganhou nada e não houve desvio para político em contratos”.
Peixoto lembra que quando assumiu a Wiz, por mais que existissem contratempos, nada se comparava a esse escândalo. “Não antevíamos que problemas do passado, que não pertenciam a essa gestão, afetaria um time de jovens diretores, promovidos ou convidados por mim”.
A companhia conseguiu reverter o cenário. “No nosso mercado, credibilidade é tudo. Tem que ter muita força de espírito e energia para dizer: isso não nos pertence, aconteceu em outra gestão. Em quatro meses, recuperamos 80% dos contratos e conquistamos novas contas”, afirma.
Bagagem
A forma como Peixoto lidera na Wiz tem correlação com a bagagem que ele traz de 13 anos no mercado de seguros, incluindo passagem pelo Grupo Amil, além dos sete anos em que atuou como consultor na McKinsey e conviveu com 38 ambientes corporativos distintos.
“Não me via como consultor e decidi que usaria o período como escola. Auxiliei no reposicionamento estratégico do Itaú Seguros, ajudei na fusão com o Unibanco Seguros, depois fiz projetos específicos para o mercado de seguros. Aprendi que o melhor negócio do mundo não fica em pé se não tiver cultura e gestão que defendam meritocracia, inovação e paixão”.
Próximos passos
A meta da Wiz agora é se notabilizar cada vez mais como referência em três frentes: na distribuição de seguros e crédito para instituições financeiras, mercado imobiliário e automotivo. “Já temos projetos tanto de aquisições quanto de plataformas que estão desenhadas para simplesmente nos tornarmos líderes absolutos nessas três vertentes. A Wiz terá mais de 30% de market share no Brasil, excluindo os grandes bancos”, conclui.
Conteúdo da edição de abril (230) da Revista Cobertura