Força no atual cenário econômico

Estabilidade financeira proporcionada pelo seguro é fundamental para o desenvolvimento dos negócios no País

Thaís Ruco

Com os diversos cenários econômicos desenhados pela crise global causada pelo novo coronavírus e pela instabilidade política local, os seguros de linhas financeiras vêm crescendo consistentemente nos últimos anos. Esse crescimento é impulsionado também pelo amadurecimento do mercado consumidor que, com o passar do tempo, vem conhecendo melhor a abrangência das coberturas e a melhor maneira de utilizar.

“Temos visto um incremento significativo de especialistas dentro das corretoras de seguros que, em conjunto com as áreas jurídicas e financeiras das empresas, vêm sofisticando o desenho das apólices, garantindo assim uma cobertura eficaz e abrangente respeitando as características de cada negócio”, diz Sandro Della Negra Povegliano, diretor de Linhas Patrimoniais e Financeiras da Ezze Seguros. Para ele, um ponto importante é a pouca penetração destes seguros dentro dos diversos segmentos produtivos. “O amadurecimento do mercado vem trazendo novas demandas e novos desafios dentro do setor de seguro. Um bom exemplo é a legislação de proteção de dados que, certamente, fará com que o seguro de riscos cibernéticos seja um grande player em um futuro muito próximo”, indica.

Existem diversas modalidades dentro do segmento de Linhas Financeiras, sendo as mais conhecidas o seguro de D&O (Responsabilidade Civil de Executivos e Administradores) e o seguro de E&O (Erro & Omissões). “A relevância de ambos está na proteção oferecida para garantir a perpetuidade das organizações e de seus representantes”, comenta o diretor da Ezze.

Com a expectativa de retomada das obras públicas, algumas medidas já começam a ser formuladas para garantir a segurança dos investimentos. “O seguro garantia, por exemplo, advindo com a nova Lei de Licitações, tem tudo para alavancar o mercado de infraestrutura, pois é inegável que a legislação abre uma porta considerável para a entrada das seguradoras ao setor, garantindo proteção à obra”, avalia Caroline Ayub, superintendente de Produtos Financeiros da Tokio Marine. Em sua visão, o seguro D&O também vem despertando a atenção do empresariado brasileiro. “Principalmente diante de um cenário de reaquecimento da economia pós flexibilização das medidas restritivas, muito por conta do avanço do programa de vacinação nacional, dará a tranquilidade aos executivos em suas tomadas de decisão, pois ele garante proteção ao ato de gestão praticado pelo administrador”, explica.

Ilan Kajan Golia, diretor de Riscos Corporativos e Sinistros da Alper Consultoria em Seguros, ressalta que também é de suma relevância contar com a proteção do seguro de crédito no atual cenário econômico do País. “Embora há que se considerar que a sinistralidade atual do mercado está relativamente baixa – em torno de 30% – a perspectiva de curto e médio prazo é pessimista. A perspectiva decorre dos indicadores de inflação, alta da taxa de juros, instabilidade política e crescente desemprego o que em última instância podem inferir no risco de não pagamento (default) coberto por esta modalidade de seguro”, aponta.

O mercado apresenta nos últimos anos um crescimento acima de 40%, como referência a comparação dos anos de 2020 e 2019. “Em 2020, o mercado movimentou R$ 540 milhões em prêmios emitidos. Ainda é um segmento pequeno, mas com grande potencial de expansão no Brasil, a exemplo do que ocorre no mercado europeu, onde o produto é bastante maduro.  Pós-pandemia, a torcida é no sentido do crescimento econômico e do faturamento, embora a preocupação com a inflação que acomete o negócio das empresas seguradas possa influenciar negativamente no volume de vendas. Vamos aguardar a marcha da economia”, analisa o executivo da Alper.

A Tokio Marine tem percebido desaceleração no mercado de seguro garantia, se comparado ao mesmo período de 2020. “Muito se deve à paralisação do setor público e suas obras, bem como, à falta de grandes apólices de seguro garantia judicial em virtude da Portaria do Ministério da Economia nº 7406/2021, que limitou o valor de R$ 36 milhões para os julgamentos de recursos no CARF até o final de 2021”, diz Carol Ayub. Contudo, a executiva ressalta que as perspectivas de crescimento para o mercado de seguro garantia são bastante positivas, à medida que sejam liberados no próximo ano os julgamentos no CARF de processos cujos montantes estejam acima do valor citado, aumentando a demanda por garantia judicial, bem como, o aumento do percentual de garantia para até 30% em obras de grande vulto, advindo com as alterações trazidas pela Lei de Licitação.

Em sua análise, o mercado de D&O também seguirá em crescimento, principalmente por conta do aumento no preço do resseguro e porque ele dá a tranquilidade para que o executivo possa tomar as decisões, contemplando custos judiciais. Para se ter uma ideia, em agosto deste ano, o seguro D&O da Tokio Marine liderou o ranking da Susep, com crescimento de 229,7%, se comparado ao mesmo período do ano passado.

Desenvolvimento dos negócios

Como em todo mercado, o desenvolvimento acontece à medida em que há maior concorrência e maior demanda. “A concorrência já vem ocorrendo com a entrada de novos players, como nós da Ezze, trazendo soluções customizadas e atuando em conjunto com nossos parceiros na elaboração de soluções para problemas já bem conhecidos. Na outra ponta, temos o amadurecimento e evolução do mercado que traz, a reboque de novas tecnologias, novas necessidades e exposições. Isso, associado à vontade de flexibilização do mercado apresentada pelos órgãos reguladores, temos um cenário bem positivo para os próximos anos”, pondera Povegliano.

Para Carol Ayub, apesar de perceber a evolução do setor, é fundamental seguir investindo, ainda mais, na capacitação dos corretores de seguros especificamente para este segmento. “Nós temos percebido que ainda existem clientes que não têm o conhecimento sobre a importância do seguro garantia e D&O, por exemplo, e eles são de extrema importância para qualquer tipo de empresa. Diante disso, acreditamos que ainda há espaço para inúmeras oportunidades e o corretor de seguros precisa estar apto para explorá-las”, analisa. “Especificamente sobre esse nicho, o corretor de seguros precisa reforçar a sua importância para os empresários, pois este setor ajudará (e muito!) na retomada da economia, tanto para as pequenas empresas, quanto para as grandes”, diz.

Golia defende que deve haver mais investimentos por parte das seguradoras e corretores para desenvolver soluções mais customizadas e “popularizar” o seguro para empresas nacionais e PME. “O seguro de crédito ainda é muito concentrado em empresas multinacionais, mas igualmente importante em empresas de menor porte”, comenta, explicando que é uma oportunidade para os corretores diversificarem o portfólio de produtos agregando uma consultoria altamente especializada para as empresas. Ele ressalta que, muito além de proteger o fluxo de caixa de uma empresa, o seguro de crédito também pode ajudar a reduzir custos operacionais e expandir os negócios com maior segurança.

Conteúdo da edição de novembro (237) da Revista Cobertura

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