O crescente protagonismo feminino no mercado de seguros

Elas avançam e agora também estão cada vez mais presentes em associações, lutando por algo que vai além do seu trabalho e da sua presença
Carol Rodrigues

Um dia o mercado de seguros já foi predominantemente masculino. Acredito que podemos utilizar essa afirmação e até ousar dizer que não mais será como antes.

As mulheres estão presentes em toda a parte do ecossistema de seguros, ocupam cargo de lideranças – ainda não na proporção desejada – e cada vez mais se reúnem em busca de um bem maior. Inclusive, a criação de um ambiente mais criativo, sensível, inclusivo e diversificado.

Convidamos mulheres que lideram grandes empresas, seus próprios negócios e também participam de entidades para contar como tem sido a jornada e como têm impulsionado outras mulheres. Afinal, toda mulher pode ser o que ela quiser e chegar onde tiver vontade.

 

Apoio e inspiração

A advogada Liliana Caldeira assumiu, em 2023, a presidência da Sou Segura, uma organização surgida em 2018, que atua para capacitar mulheres e encorajá-las a assumir posições de destaque como agentes de mudança e de liderança.

“Nesta missão da Sou Segura, mulheres agem com sororidade – uma apoiando e inspirando a outra – e trabalham, passo a passo, juntamente com homens para a construção de uma sociedade mais inclusiva, igualitária e acolhedora de todas as pluralidades e diversidades”, descreve.

Segundo ela, a organização tem incentivado as mulheres a terem um protagonismo maior através da sororidade e da rede poderosa de networking e de apoio. “Nossa mentoria tem especial destaque neste cenário de incentivo ao protagonismo. Apoiamos a mulher e abrimos a elas espaço de escrita e de fala, com mulheres protagonizando nossos eventos, nossas palestras, podcasts e TV”.

Liliana Caldeira, presidente da Sou Segura

“Meu maior anseio é o de possibilitar, como liderança da Sou Segura, que as mulheres estejam conscientes de seu valor e de seu poder como cidadãs, como profissionais e como mães que educam as futuras gerações. Se a mulher tiver consciência deste seu papel poderoso de catalisador de transformações, poderemos sentir impactos de equidade com maior intensidade e com mais brevidade”.

Liliana decidiu enveredar pelo trabalho associativo por conta da necessidade de contribuir. “Minha contribuição se dá pelo trabalho dedicado, apaixonado e comprometido com a causa da equidade de gênero, não apenas em nosso mercado de seguros, mas em todos segmentos de negócio em que as mulheres venham a participar”.

Margarete Braga, presidente do Sincor-PA, decidiu seguir o sindicalismo porque gosta de participar de causas e projetos que envolvam, tanto a solidariedade como a causa da sua classe. “Acredito muito no associativismo, como força de apoio, aprendizado e relacionamentos. Quando atravessamos os muros do escritório e passamos a conviver com pessoas, negócios, problemas e soluções, crescemos em vivências e passamos a dividir e ajudar as pessoas”.

Margarete Braga, presidente do Sincor-PA

Segundo ela, ser líder sindical já é um exemplo de coragem. “O que incentiva mulheres a terem a coragem de seguir em frente em seus sonhos”, acredita Margarete, que cita como desafio poder levar ao maior número de pessoas a importância do seguro.

Como liderança, seu anseio é estar à frente de grandes decisões, estar presente na hora certa e poder mudar realidades de pessoas e empresas.

Entusiasmo é a palavra que Margarete utiliza para definir o movimento que as mulheres estão fazendo. “Mesmo que em liderança ainda temos percentuais diferentes, o caminho que a mulher vem traçando é muito importante destacar e motivar. Somos a maioria e a cada dia fazemos a diferença no mercado que precisa de acolhimento”.

Andreia Padovani, que assumiu como presidente do SindSeg MG/GO/MT/DF em 2023, observa que a atuação das mulheres no mercado de seguros tem evoluído significativamente ao longo dos anos. “Anteriormente, era mais comum vê-las em papéis administrativos ou de suporte, mas, hoje, muitas mulheres ocupam posições de liderança e executivas nas empresas de seguros. As mulheres têm demonstrado excelentes habilidades de comunicação, empatia e resolução de problemas, o que as torna bem-sucedidas em papéis de vendas e atendimento ao cliente. Além disso, a crescente conscientização sobre a importância da diversidade e inclusão tem levado as empresas de seguros a valorizar e promover a igualdade de oportunidades para as mulheres em todos os níveis da organização”.

Ela conta que assumir a presidência do sindicato nunca foi um alvo, pois já contribuía por aproximadamente uma década, pois quando foi trabalhar em Minas Gerais (MG), compôs a Diretoria, assumiu por um período a coordenação das comissões técnicas e atuou como vice-presidente. “O processo aconteceu de forma natural e consolidada. Várias foram as razões que enveredei pelo trabalho associativo, todas relacionadas ao desejo de fazer contribuições importantes para o setor. Pretendo continuar promovendo a cultura do seguro e o trabalho associativo como forma de impactar positivamente a indústria e os consumidores, além de permitir o desenvolvimento pessoal e profissional das mulheres atuantes no mercado, visando o nosso papel na sociedade e na economia do País”, argumenta.

Andreia Padovani, presidente do SindSeg MG/GO/MT/DF

Andreia acredita que todas as líderes femininas podem aspirar a criar ambientes de trabalho mais inclusivos e diversificados, nos quais todas as vozes sejam ouvidas e valorizadas. “Acredito que para se ter um protagonismo no mercado, é preciso ser resiliente às mudanças, estar atento ao novo, questionar tendências e ter engajamento, além de foco e paixão na entrega, além, é claro, de buscar ter visibilidade e reconhecimento e, principalmente, o desenvolvimento profissional. Precisamos, nós mulheres, cumprir muito bem os múltiplos papéis e se fazer presente em cada situação.

Estar em uma reunião de trabalho preocupada com os filhos é contraproducente. Estar com os filhos e pensar no que vou falar numa reunião de trabalho também é”, comenta a presidente, que acredita que as conquistas sejam consequências de construções feitas ao longo da jornada, procurando aprender a cada dia, para poder contribuir da melhor forma para o mercado.

Conhecimento e independência

Fátima Monteiro, presidente do Clube dos Corretores do Rio de Janeiro – (CCS-RJ)

“Hoje a mulher está galgando seu lugar em nosso mercado de seguros. Já temos várias lideranças em seguradoras, corretoras, ENS (Escola de Negócios e Seguros), veículos de comunicação especializados em seguros. Isso é excelente, pois a abertura de todos os canais profissionais para as mulheres nos deixa visíveis e podemos mostrar que somos muito capacitadas para estar nesse mercado, em constante evolução, e sabemos como acompanhar este novo mercado de seguros”, analisa Fátima Monteiro, presidente do Clube dos Corretores do Rio de Janeiro (CCS-RJ), que decidiu ingressar no trabalho associativo no tempo que sobra da administração da sua corretora, já consolidada.

A capacitação é a palavra-chave para a mulher ter mais protagonismo, na visão de Fátima. “Atualmente meu maior anseio como profissional de seguros é de que todos os corretores, principalmente as mulheres, entendam nosso papel social dentro do escopo familiar na proteção das famílias, levando o seguro de proteção familiar para todos, sem qualquer restrição”, diz a corretora.

Maria Guadalupe Sanz Gomez, diretora para a região do Interior da Aconseg-SP e CEO da Sanz Assessoria, vê cada vez mais a presença feminina não só no mercado de seguros, mas em todos os segmentos. “A mulher é sensível e no mercado de seguros a sensibilidade e o trato geram ganhos. A área de seguros é gerenciar problema. Vejo a mulher galgando cada vez mais. Estou na área há mais de 40 anos”.

Ela diz ter resistido um pouco a ingressar na diretoria da associação porque a vida corrida e o fato de morar e trabalhar no interior impedem a sua presença em todos os eventos. “Mas sinto que tenho muito a contribuir. A sensibilidade da mulher em todas as áreas é muito importante e quero dar a minha contribuição. Sinto a simpatia das seguradoras quando elas veem a presença feminina na diretoria, esperando realmente a nossa contribuição”.

Maria Guadalupe Sanz, diretora para o interior da Aconseg-SP e CEO da Sanz Assessoria

Para ela, a mulher tem tudo para liderar. “Às vezes, as pessoas colocam que o mercado de trabalho é machista, mas a mulher competente vai estar sempre em destaque, na minha opinião”, reitera Guadalupe, que tem as mulheres como maioria entre os colaboradores de sua assessoria. “Procuro sempre mostrar que a mulher ela tem que ser independente.

Temos que trabalhar para ganhar dinheiro, mas acima de tudo temos que ter como missão ajudar o próximo. O servir tem que estar presente no nosso trabalho. A minha equipe entende muito isso e por isso acredito que a gente tem bastante sucesso e corretores fiéis”.
“Sempre fui guerreira e consegui atingir os objetivos com o meu trabalho. Meu maior desafio, como assessoria, e que hoje já é menor, é fazer com que as seguradoras cheguem no interior. O piloto sempre foi São Paulo. Acabei conseguindo representar seguradoras, mas com muito esforço. A minha empresa tem 25 anos e só eu sei o que passei para chegar até aqui e ter esse número de seguradoras que represento hoje”, comenta.

Liderança pelo exemplo

Na visão de Enir Junker, presidente da Aconseg Centro-Oeste, há avanços graduais na participação das mulheres no mercado de seguros. No entanto, ainda há grandes desafios relacionados a igualdade de gênero, diferenças salariais e falta de representatividade nos cargos de alta gerência. “Vemos que algumas mulheres estão ocupando posições de liderança nas grandes e médias empresas do setor, porém a maioria se destaca mais pelo empreendedorismo, como corretoras de seguros ou assessorias. Apesar dos esforços das empresas na promoção da diversidade e inclusão, estes ainda não são suficientes e é necessário muito trabalho para chegar mais próximo ao cenário ideal”, observa.

Enir Junker, presidente da Aconseg Centro-Oeste

Enir foi eleita a primeira presidente da Aconseg Centro-Oeste, figurando como a primeira presidente das instituições Aconsegs de todo o Brasil. “Acredito muito nos benefícios da colaboração e da união de esforços. O apoio mútuo em que podemos aprender uns com os outros, bem como a troca de experiências nos permitem adquirir conhecimentos que nos levam a resultados mais eficazes e significativos. A Aconseg Centro-Oeste ainda está em construção, e muito há a ser feito”.

O seu maior anseio é que todas as mulheres lembrem sempre da sua capacidade de ir além. “Não precisamos ser perfeitas e cabermos em padrões pré-estabelecidos. Que nas oportunidades, nos vejam como pessoas, independente do gênero. O mundo deve compreender que não precisamos mudar a nossa essência para sermos preferidas nos cargos de liderança, mas que possamos brilhar e ser reconhecidas pelo trabalho que fazemos”, comenta Enir, que ainda anseia, principalmente, pelo dia que todas as mulheres reconheçam e se orgulhem de suas histórias.

A presidente da Aconseg Centro-Oeste lembra que muito se faz através do exemplo. “Dar voz as mulheres através de rodas de conversa nas quais possam se sentir a vontade, trazendo suas dúvidas, seus anseios ou apenas falando de assuntos aos quais se sintam interessadas. Além disso, fazer as mulheres não terem medo de aparecer. Que possam elevar a sua autoestima a ponto de acreditarem nos seus objetivos e na sua capacidade de realizá-los. Compreendendo a necessidade individual de cada pessoa, podemos ajudá-la a superar os desafios”, exemplifica.

Monica Dargevitch, diretora Administrativa da Aconseg-SP e CEO da Hits Assessoria, observa a atuação da mulher no mercado de seguros cada vez mais forte. “Hoje temos mais executivas nos cargos de presidentes de seguradoras, mais corretoras com a liderança feminina iniciando corretoras de seguros sozinha, não mais como víamos antigamente, que era com o marido ou como herança do pai”, comenta Monica, que também vê a mulher exercendo a liderança sem perder a sua característica feminina.

Monica Dargevitch, diretora Administrativa da Aconseg-SP e CEO da Hits Assessoria

Ela decidiu enveredar pelo trabalho associativo porque observava muitas mulheres entre os associados, mas não as via representadas na diretoria, além do desejo de contribuir. “Não é por levantar a bandeira, mas nós mulheres pensamos e temos visões diferentes”, argumenta.

Um dos anseios de Monica é que a mulher no mercado tenha, cada vez mais, um espaço adequado para o seu papel. “Que tenha voz e consiga exercer a sua profissão de acordo com a essência da mulher; que não precise ver mais mulheres tentando se adaptar a um padrão masculino para gerenciar, tentando ser o que ela não é mas, sim, conseguir exercer um papel de liderança com a essência feminina, com a leveza da mulher, se enquadrando do jeito que tem que ser, não do jeito que a sociedade, às vezes, determina”.

“Meu desafio é contribuir para que a Aconseg-SP fique mais conhecida. No mercado segurador nós temos uma relevância importante nas seguradoras, mas os corretores têm de entender mais o nosso trabalho e a nossa contribuição. Na minha assessoria, principalmente, temos a missão de ajudar o corretor como empreendedor a se desenvolver, a querer ganhar mais, ter orgulho da profissão dele e como ele pode contribuir com a sociedade. Às vezes, acho que o corretor fica um pouco à margem. Ele não se valoriza e talvez não tenha o seu papel tão valorizado na sociedade como um todo”.

Na Hits, ela diz que a maioria das colaboradoras são mulheres, o que acontece por uma afinidade natural. “O multipapel da mulher traz muitos benefícios para a minha empresa. Estou tentando criar grupos de mulheres corretoras do ABC, com foco em apoio e para troca de ideias. Algumas já se encontraram, outras fizeram parcerias, está sendo bem bacana”, conta Monica.

Mais espaço e reconhecimento

Liza Maria Faveri Miranda de Sousa, sócia-diretora da Continental Assessoria, é um dos grandes nomes quando o assunto é assessoria em seguros.

Liza Maria Faveri Miranda de Sousa, sócia-diretora da Continental Assessoria

“Você percebe o quanto a mulher é atuante no mercado de seguros quando vê os números do Sincor: 75% das equipes são formadas por mulheres e 55% ocupam cargos de liderança! Isso é uma mudança e atuação bem significativa”, destaca Liza.

Como liderança feminina, ela diz querer ver outras líderes mulheres. “Na minha empresa 90% da equipe é formada por mulheres e, hoje, muitas delas estão como líderes”, comenta, ao lembrar que a Continental incentiva o protagonismo por meio de reconhecimentos.

“O desafio hoje continua sendo quebrar paradigmas sobre a mulher no mercado de trabalho, como um todo. Não são todos que enxergam a mulher também como uma pessoa de negócios”, pontua Liza.

Priscila Conduta Elias, CEO da Conduta Plus, é quem conduz o legado da família conduta, que fundou a Harmonia Corretora. “Hoje o meu maior desafio é reconstruir o legado de nossa família sob a nossa nova marca, a Conduta Plus. Fomos muito bem recebidos por todo o mercado e agora temos o trabalho de fazer a empresa crescer exponencialmente, sem perder a personalização e qualidade do nosso atendimento e a nossa essência”.

Ela espera que as mulheres ocupem cada vez mais espaço na liderança das empresas de seguros em todas as áreas, com igualdade, equidade e respeito.

Priscila Conduta Elias, CEO da Conduta Plus

“Mulheres que sejam preparadas e seguras de si para o cargo que ocuparem, trazendo outras visões de negócios às empresas, novos produtos para o mercado e, principalmente, que favoreçam o ambiente de trabalho, com empatia, cuidado e olhar atento aos detalhes, que são pontos fortes nas mulheres. E que as empresas pratiquem os discursos que promovem, apoiando, de fato, as mulheres e proporcionando um ambiente saudável de trabalho”, descreve como seus anseios.

Segundo ela, na corretora contrata-se mais mulheres do que homens para o quadro de colaboradores, incluindo posições de liderança. “Isso já acontecia em nossa antiga empresa (Harmonia) e, agora, na Conduta Plus, continuamos com uma política forte de diversidade, que, aliás, não inclui somente as mulheres. Além disso, participo de vários grupos de empresariado feminino e, com o nosso retorno ao mercado segurador neste último ano, espero participar de mais atividades voltadas às mulheres de nosso mercado para contribuir mais com essa diversificação”, ressalta.

“Vejo a atuação das mulheres nesse mercado com respeito, otimismo e esperança. Apesar de ainda existirem grandes desafios, como a disparidade salarial e a sub-representação em cargos de liderança, as mulheres estão conquistando cada vez mais espaço e reconhecimento”, avalia Denise Oliveira, CEO da fitinsur, startup classificada como insurtech as a service.

Em sua visão, todos que atuam no setor têm que ter o compromisso de implementar políticas e ações afirmativas para garantir a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, como programas de mentoria e desenvolvimento de liderança, e fomentar uma cultura na qual, independentemente da “caixa” ou ”rótulo”, de antigamente, o que conta é o talento.

Denise Oliveira, CEO da fitinsur

“Meu maior anseio é contribuir para a construção de um mercado de seguros mais justo, inclusivo e diverso, promovendo a igualdade de oportunidades e qualidade de vida para as nossas colaboradoras. Para nós, o feminino é um presente e tentamos proporcionar um ambiente no qual outras mulheres possam evoluir em suas carreiras completamente livres de estereótipos e de forma equilibrada. Afinal, 75% da liderança da fitinsur é composta por mulheres e sabemos como é difícil a jornada dupla e o trabalho invisível que muitas vezes nos leva a exaustão”, destaca Denise.

Ela tem incentivado mulheres a terem um protagonismo maior no mercado, majoritariamente compartilhando sua história, experiência e garantindo que dentro da empresa exista a priorização da contratação e promoção de mulheres para cargos de liderança e em áreas tradicionalmente masculinas do mercado. “Basicamente, uso a minha voz para amplificar a causa, sempre com resultados”.

Denise lembrar que startups exigem um ritmo de trabalho intenso e é desafiador acompanhar o crescimento acelerado da empresa. “Entrar em reuniões com outras lideranças do setor e ser a única mulher da sala, ou sempre ser a minoria, definitivamente precisa ser superado. Lidar com algumas situações de preconceito em pleno século XXI também não é agradável. Por incrível que pareça, meu sócio (que é um homem branco cis) ainda recebe mais abordagens para rodadas de investimento do que eu, mesmo sendo eu a responsável por este tema na empresa. Então, meus maiores desafios são ocupar meu lugar e promover, viabilizar e conservar lugares que outras mulheres possam ocupar”.

Um ambiente inclusivo e seguro

“Assim como em outros setores, estamos vendo um movimento muito positivo de aumento da presença de mulheres no mercado de seguros. Na própria BNP Paribas Cardif Brasil, por exemplo, contamos com 51% de mulheres no quadro geral de colaboradores. Esse número fica na casa dos 42% em cargos de liderança (coordenadoras, gerentes) e 34% na alta liderança (superintendentes, diretoras e diretoras executivas)”, destaca Sheynna Hakim, CEO da BNP Paribas Cardif.

Sheynna Hakim, CEO do BNP Paribas Cardif

“No entanto, isso não é o bastante. Por isso, o desafio é não só garantir que as mulheres continuem sendo uma parte significativa do nosso quadro de profissionais e do nosso negócio, como também aumentar a representatividade feminina em cargos de liderança, promovendo uma série de programas que estimulem o desenvolvimento dessas colaboradoras”, acrescenta.

De acordo com ela, a companhia tem iniciativas que vão ajudar a atingir a marca de 50% de líderes mulheres até o final desta década e o lançamento de um programa de capacitação que vai permitir, efetivamente, fomentar e desenvolver essas lideranças femininas dentro da empresa.

“Aproveitando os ricos debates do mês da mulher, firmamos agora em março o compromisso de termos 50% de mulheres nos cargos de liderança e alta liderança em nossa operação do Brasil até 2030. Essa iniciativa é reforçada pela adesão da BNP Paribas Cardif ao Movimento Mulher 360, instituição que reúne empresas para promover a participação de mulheres no mundo corporativo e que utiliza as mesmas metas estipuladas pelo Movimento Elas Lideram 2030, do Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas)”.

Sheynna acredita que a falta de representatividade feminina em cargos de liderança é um grande empecilho. Esse é um dos motivos pelos quais faço questão de implementar ações que incentivem o crescimento e desenvolvimento contínuo das mulheres.

“É fato: temos que nos ajudar e nos apoiar sempre. Abrindo para outras vertentes, ainda que, ao lado de minhas companheiras de BNP Paribas Cardif, eu consiga ajudar a criar um ambiente de trabalho mais inclusivo e seguro para as mulheres, é preciso reconhecer que a sociedade como um todo ainda caminha a passos lentos na promoção da equidade de gênero. Esse, talvez, seja o ponto mais delicado. Afinal, a mulher pode se sentir segura nas relações de trabalho, mas não tanto em outros aspectos de sua vida, como as relações familiares ou sociais de uma forma geral. Essa questão tem muitas camadas e o que precisamos fazer é falar sobre esses temas, quebrar tabus para disseminar informações e formar uma grande rede apoio entre as mulheres”.

Ângela Assis, diretora presidente da Brasilprev

“Temos observado uma mudança gradual nos últimos anos, embora ainda haja muito a ser feito. É essencial que as empresas adotem um compromisso genuíno com a diversidade, reconhecendo sua importância para o progresso do negócio. Na Brasilprev, estamos empenhados em promover a inclusão feminina, com cerca de 47% de mulheres em nossa equipe e 40% delas liderando times”, compartilha Ângela Assis, diretora presidente da Brasilprev.

Recentemente, a companhia estabeleceu compromissos com a sustentabilidade, que incluem metas claras a serem alcançadas até 2026 em diversos aspectos, como integridade, ética, transparência, relacionamento e satisfação dos clientes, gestão ambiental e responsabilidade social, diversidade, equidade e inclusão, e gestão de investimentos ASG. “Dentro do contexto de diversidade, buscamos ter 30% do quadro de colaboradores formado por pretos e pardos, e 45% de mulheres em cargos de gestão. Faz parte do nosso objetivo disseminar a cultura da liderança feminina, incentivando outras mulheres e reconhecendo o potencial que todas possuem. Acredito que isso seja fundamental para abrir caminho para novas gerações de líderes”, comenta Ângela, cujo maior desejo é contribuir para esse processo.

Ela conta buscar constantemente inspirar as mulheres a perceberem todo seu potencial, incentivando o desenvolvimento de novas lideranças femininas e preparando-as para os desafios do mercado de trabalho com determinação e coragem. “No último ano, lançamos aqui na Brasilprev um programa piloto de mentoria, no qual 70% das vagas foram destinadas a mulheres analistas e especialistas, visando à sucessão em cargos de gestão.

Essa iniciativa foi um sucesso e será mantida permanentemente. Outra questão é que, em nossos processos seletivos externos, priorizamos candidatas mulheres e candidatos pretos e pardos”.

Patricia Freitas, CEO da Prudential do Brasil

Patricia Freitas, CEO da Prudential do Brasil, também acredita que há ainda uma grande lacuna a ser preenchida, especialmente, em cargos de liderança. “Acredito que a equidade de gênero fortalece a indústria e proporciona um ambiente mais inclusivo, diverso e inovador. Mulheres na liderança inspiram outras mulheres a seguirem carreiras similares.

Além disso, elas trazem diferentes perspectivas e habilidades que enriquecem o ambiente e contribuem para a diversidade e inclusão em todos os níveis da empresa”, avalia.

“Comecei muito cedo e logo me tornei gestora. Sempre construí minha carreira com muita dedicação, estudo e compromisso com a entrega. Eu me desafiei ao fazer uma transição de área migrando do segmento de tecnologia para seguros. Tive que estudar muito, fazer networking, desbravar um mundo novo. Ao longo desse tempo, tive importantes líderes mulheres que me incentivaram, apoiaram e inspiraram”, conta.

Em 2017, Patricia participou da criação do Comitê de Diversidade e Inclusão da Prudential para reforçar a importância da representatividade feminina na companhia. “Promovemos programas internos que incentivam as mulheres e trabalham a competência de liderança, preparando essas profissionais para posições executivas. Espero que a minha história sirva de exemplo para outras mulheres. O que precisamos é de oportunidades iguais, independente de gênero”, conta.

“Desejo que uma mulher nunca se sinta despreparada para alguma coisa ou que duvide de si mesma. Precisamos superar preconceitos e estereótipos de gênero. Se uma mulher está em uma posição de liderança é porque ela tem competência e é qualificada para tal. O que elas precisam é de oportunidade. Eu fui uma das poucas mulheres na sala de aula do meu curso de Ciência da Computação e, em nenhum momento, isso me intimidou. Espero que todas trabalhem com confiança, acreditem no seu potencial e não deixem que qualquer viés inconsciente ou situações de diferenciação por gênero as afetem”, recomenda a CEO da Prudential, que hoje conta com 55% de mulheres no quadro total de colaboradores, sendo 43% em cargos de liderança.

Conteúdo da edição de março (262) da Revista Cobertura

Revista Cobertura desde 1991 levando informação aos profissionais do mercado de seguros.

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