Torna-se tendência o seguro de vida passar a ser um recurso para promover saúde e bem-estar no dia a dia, ampliando seu papel além da proteção financeira
Carol Rodrigues
Seguro de vida agora também contribui para o bem-estar e qualidade de vida. De forma similar ao seguro de automóvel, o seguro de vida vem agregando serviços, coberturas e benefícios para atrair os consumidores e mudar a imagem da proteção. Os serviços relacionados ao cuidado com a saúde e bem-estar são uma tendência que vem crescendo e se consolidando.
“Assim como aconteceu no seguro auto, que evoluiu de um simples reparador de danos para um serviço mais abrangente, o seguro de pessoas está ampliando seu escopo para ser percebido como algo mais presente e útil no dia a dia do cliente”, diz Rodrigo Pecoraro, diretor executivo de Seguros da Sabemi. “Essa estratégia passa por transformar o seguro de uma proteção distante, ativada apenas em situações extremas, para um produto que entrega valor continuamente. Assistências como saúde, auto, residencial e pet tornam o seguro mais palpável e conectado à rotina do segurado”, completa.
“Isso ocorre porque o seguro de vida deixou de ser visto apenas como uma proteção financeira em caso de falecimento do segurado e passou a ser encarado como um benefício útil também em vida, para cobrir situações inesperadas”, destaca José Luiz Florippes, diretor de Vendas de Seguros da Omint Seguros.
Segundo ele, exemplos claros dessas transformações são as coberturas para invalidez e doenças graves, que incluem diversas enfermidades que vêm afetando uma parcela crescente da população brasileira, como o câncer. “Receber apoio financeiro no momento de um diagnóstico dessa condição faz, sem dúvida, uma grande diferença na vida do segurado”.
Alessandro Malavazi, superintendente sênior da Bradesco Vida e Previdência, ressalta a evolução do seguro de vida nos últimos anos. “Uma das principais transformações do segmento é a transição do conceito de proteção para o de prevenção: agora, os produtos oferecem coberturas que antecipam riscos e contribuem para um planejamento financeiro mais completo e consistente”, aponta.
Os portfólios das companhias refletem essa evolução, acompanhando as mudanças do mercado e as necessidades dos clientes. “Além de desenvolver novas soluções, destacamos a personalização dos produtos e a oferta de coberturas que podem ser aproveitadas em vida, não apenas em situações de saúde. Um exemplo disso é a proteção contra perda de renda por desemprego involuntário. Também oferecemos assistências que atendem a diferentes necessidades, como assistência pet, cesta natalidade e o serviço de motorista amigo”, acrescenta Malavazi.
Alessandra Gaiato, CEO da West Assessoria, destaca que a transformação digital foi acelerada pela pandemia causada pela Covid-19. “O novo modelo de consumidor exigiu um novo posicionamento dos seguradores, e para oferecerem uma melhor experiência para o cliente, muitas inovações foram introduzidas. Melhorias na navegabilidade, o uso de IA para agilizar a aceitação, sem qualquer declaração de saúde e precificação pelo risco de cada pessoa. A avaliação das pessoas é complexa, pois não somos uma Tabela FIPE, como no caso de automóvel. Portanto, o uso de novas tecnologias, que permitam um grande cruzamento de diversos bancos de dados, promovendo contratações ágeis, personalizáveis e com proteções inovadoras já são uma realidade”, contextualiza.
“O avanço da tecnologia, como o uso de big data e da inteligência artificial, tem permitido ao setor de seguros entender melhor o comportamento e as expectativas dos clientes, possibilitando a criação de serviços mais direcionados e ágeis”, ressalta o diretor da Sabemi.
Eric Lundgren, diretor executivo de Vida da Allianz Seguros, acentua que as seguradoras perceberam que, para quebrar o paradigma de que este tipo de proteção atende exclusivamente os beneficiários, era essencial agregar valor ao produto, oferecendo benefícios que o contratante possa usufruir em vida. “Outro fator que impulsiona essa tendência é a maior preocupação das pessoas com a qualidade de vida, especialmente a importância do cuidado preventivo e do suporte à saúde física e mental. Com a demanda por mais recursos voltados ao bem-estar, as seguradoras estão adaptando seus produtos para incluir serviços que vão ao encontro dessas novas expectativas, tornando o seguro de vida mais completo”.
Marcelo Reina, CEO da Brazil Health, acredita nessa tendência e enxerga que ao agregarem mais serviços, inovações, contribuições para fidelizar um segurado diante da vigência de sua apólice as companhias têm se diferenciado.
“Na minha visão, o vida com mais serviços vem a compor mais garantia, em todos os benefícios, incluindo o saúde, pois complementa uma cobertura ampla, uma oferta muito mais de tranquilidade e segurança para a saúde, para o patrimônio, para as empresas e para as famílias. Então, vejo que a composição de agregar mais serviços soma com as coberturas já existentes na saúde suplementar”.
Alexandre Vicente, diretor de Produtos Vida, Habitacional e Afinidades do Grupo HDI, vê a conscientização como muito importante, porque faz com que as pessoas entendam o verdadeiro valor de um seguro de vida, que pode funcionar como uma forma de prevenção de doenças e de garantir um bem-estar de qualidade, ao invés de apenas cobrir questões relacionadas à morte.
Combo vida + saúde
O setor de seguros evoluiu significativamente nos últimos anos e, hoje, vai muito além da proteção tradicional. Ele tem incorporado uma série de benefícios que promovem o cuidado com a saúde e o bem-estar dos segurados de forma preventiva e contínua.
“Essas iniciativas demonstram que o seguro está se transformando em um parceiro de longo prazo na saúde e qualidade de vida, agregando valor diário e ajudando os clientes a prevenir problemas antes que se tornem situações críticas’, expõe Pecoraro.
“Vejo seguradoras que, de forma muito inteligente, acompanham as necessidades do mercado e têm se sobressaído ao olhar do segurado, principalmente com a inserção de mais serviços, de mais benefícios, para que o seguro seja muito mais percebido e assertivo durante uma cobertura em vida, no contexto de prevenção, de atendimento, de coberturas extracontratuais que garantem maior entrega dentro da perspectiva de um segurado”, diz o CEO da Brazil Health.
Na visão dele, é perfeito idealizar um combo saúde e vida, pois se completam. “Um contribui com o outro em benefícios, em segurança e tranquilidade para o segurado e para a empresa. As companhias que já trabalham com a união desses dois produtos têm feito a diferença”, analisa Reina.
“Acredito que sempre houve uma conexão muito forte, mas, nos últimos anos, isso tem se intensificado ainda mais. Quando somos capazes de oferecer serviços como telemedicina e telepsicologia, por exemplo, os sistemas de saúde – tanto público, quanto privado – tendem a receber menos demanda, pois isso já está incluso no seguro de vida. Além disso, quando indenizamos algum segurado por uma doença grave, por exemplo, nós conseguimos capacitar essa pessoa a buscar serviços alternativos e/ou complementares, e isso também contribui para um ‘desafogamento’ dos sistemas de saúde”, ressalta Vicente.
Conforme Lundgren, com a evolução, o seguro de vida oferece benefícios que vão além da proteção financeira, proporcionando aos segurados acesso às ferramentas e serviços que ampliam a qualidade de vida e colaboram para a sustentabilidade do sistema de saúde, por meio de uma abordagem mais proativa e preventiva.
“Hoje o seguro de vida desempenha um papel importante ao contribuir para a saúde preventiva. Com a inclusão de serviços de bem-estar, acompanhamento médico e programas de prevenção, a proteção evoluiu para um modelo que incentiva o cuidado contínuo e promove uma abordagem preventiva. Isso ajuda a detectar e tratar problemas de saúde precocemente, evitando a necessidade de tratamentos de emergência”, explica o diretor executivo de Vida da Allianz Seguros.
Alessandra destaca que, hoje o Brasil tem um dos melhores sistemas de saúde do mundo, o SUS, que possui dados valiosos de 212 milhões de brasileiros, embora muitos dados ainda continuam inacessíveis. “Por outro lado, apenas 27% da população possui acesso a planos de saúde/seguro saúde, devido aos altos custos dos produtos. Nesse cenário tão complexo, o seguro de vida surge como uma nova alternativa, pois está trazendo novas tecnologias para o setor, como a telemedicina com diversas especialidades. Mesmo tendo apenas 1% de participação no PIB, a flexibilidade de contratação e as novas coberturas irão revolucionar o mercado de seguros de pessoas”, prevê a CEO da West, que atua há 23 anos no mercado, sendo 16 anos dedicados exclusivamente ao segmento de pessoas, desenvolvendo corretores e equipes comerciais.
Ela lembra que a indenização em vida de 90% das coberturas permite que o cliente use a indenização para cuidar de sua saúde ou realizar sonhos. “Importante ressaltar que usar o plano de saúde, não o inviabiliza de receber a indenização do seguro de vida, quando algum imprevisto de saúde ou acidente ocorre. Os benefícios se somam, agregando ainda mais valor para o segurado, que consegue unir saúde e proteção financeira. Quando estamos afastados da nossa atividade profissional, sendo CLT ou autônomo, quem vai honrar nossos compromissos financeiros? O plano de saúde cuida da saúde, o seguro de vida cuida de reposição financeira”.
Vida com saúde não substitui o saúde
O diretor da Omint lembra que é importante destacar que o seguro de vida não exclui a necessidade de um plano de saúde. “No momento do sinistro, o seguro pagará o capital segurado contratado, mas não tratará a doença. Já o plano de saúde disponibilizará médicos, rede hospitalar e terapias necessárias para tratar a doença e possibilitar a recuperação do paciente. Quando falamos de seguro de vida, é importante ter em mente que ele atua em situações imprevistas, protegendo nossa capacidade de gerar renda e nossos investimentos”, explica.
“É fundamental compreender o seguro de vida como um ativo de proteção, e não como um substituto para o plano de saúde. São produtos complementares. Sempre digo que é necessário analisar estrategicamente para entender a importância e a funcionalidade do seguro de vida”, analisa Florippes.
“Cada um tem seu papel específico, complementando-se para oferecer uma cobertura mais ampla. O seguro de vida agrega um suporte adicional, trazendo mais tranquilidade e segurança para imprevistos que impactam a vida como um todo, incluindo a família e o trabalho”, reforça o superintendente sênior da Bradesco Vida e Previdência.
Para o diretor da Sabemi, essa mudança é fundamental para reforçar a percepção de que o seguro não é apenas uma proteção futura, mas uma solução integrada que apoia o cliente em todas as fases da sua jornada. “Isso também ajuda a desenvolver, cada vez mais, a cultura do seguro no Brasil”, define.
Custo acessível e benefícios
Na maioria das seguradoras, as apólices podem ser personalizadas de acordo com a necessidade de cada cliente.
O que vai definir o preço de um seguro de vida é a qualidade da saúde do cliente, sua idade, o capital e as coberturas escolhidos. “Existem diversas assistências com valores já embutidos no produto e que chegam a custar apenas alguns centavos em relação ao preço final”, esclarece o diretor o Grupo HDI.
No seguro do Grupo HDI, em termos de bem-estar, destacam-se algumas assistências que buscam garantir mais qualidade de vida. “Na frente de saúde mental, por exemplo, temos o serviço de telepsicologia, que pode ajudar o cliente e/ou seus familiares em momentos de crise. Quando pensamos na saúde física, propriamente dita, vale destacar a assistência nutricionista, que pode auxiliar os clientes a terem uma vida mais saudável”. Além disso, a companhia tem a opção de Telemedicina, que oferece atendimento digital com médicos do Hospital Albert Einstein.
“Vale ressaltar que o Grupo HDI é pioneiro em oferecer um seguro de vida individual precificado de acordo com o comportamento do segurado, ou seja, se ele pratica exercícios físicos, se é ou não fumante, entre outros. Dessa forma, nós conseguimos oferecer opções mais em conta para consumidores que já têm esse tipo de cuidado prévio com a saúde”.
A Bradesco Vida e Previdência possui em seu portfólio de produtos o Vida Viva Bradesco, um seguro de vida que conta com 20 coberturas e 19 assistências (das quais 17 são para uso em vida), que pode ser adaptado da forma que o cliente desejar. O produto oferece ampla cobertura de idade, de 18 a 80 anos, e capital segurado de até R$ 10 milhões para morte do segurado ou do cônjuge.
Também contempla serviços que podem ser utilizados individualmente ou para a proteção da família, como Palavra de Médico (telemedicina) – atendimento pela rede referenciada com diferentes especialidades e especialistas brasileiros e internacionais; Orientação Nutricional e Psicológica; além de Cesta Natalidade, para atender às primeiras necessidades do bebê; e a Assistência Pet para cães ou gatos, com apoio de clínicas veterinárias e pet shop em casos de emergência, entre outros benefícios.
O produto da Allianz oferece diversos benefícios, como o Desconto em Medicamentos, que permite ao segurado obter descontos de até 59% em uma lista de medicamentos cadastrados. Atualmente, essa vantagem é válida em uma rede com mais de 9 mil farmácias espalhadas por todo o território nacional. Além disso, outro destaque é a segunda opinião médica Internacional, um serviço que disponibiliza ao segurado um segundo parecer médico fornecido por especialistas de renome mundial. A Sabemi conta com um amplo leque de benefícios, entre eles assistência residencial, auto e pet. No que se refere especificamente à saúde, os segurados contam com a plataforma Assistência Saúde Completa, em que podem agendar consultas online com profissionais de mais de 20 especialidades – entre elas a psicologia – a um valor bastante acessível.
A rede credenciada tem mais de três mil médicos e sete mil pontos de atendimento em todo o Brasil. Outra vantagem é a marcação de consultas e exames pelo WhatsApp, por meio do qual o segurado tem acesso a informações sobre as farmácias mais próximas, esclarecimento de dúvidas e acompanhamento do status dos seus agendamentos.
Conteúdo da edição de novembro (270) da Revista Cobertura