CEO do Grupo Life comenta o processo de reconstrução das empresas e cidades, além de destacar a atuação do mercado segurador
Carol Rodrigues
“A situação ainda não está completamente normalizada, mas estamos no caminho para retomar nossas atividades. Estamos readaptando as rotinas, e em alguns casos, precisamos ajustar horários dos colaboradores, pelo menos até o final de agosto, quando esperamos ver melhorias no transporte, conforme informado pelos órgãos responsáveis”, conta Alberto Júnior, CEO do Grupo Life Brasil.
A sede do Grupo está sediada em Porto Alegre (RS), região em que inclusive moram muitos dos seus colaboradores, e que foi muito atingida pelas enchentes entre abril e maio deste ano. “Alguns perderam tudo em suas casas, mas, felizmente, não sofreram ferimentos graves, apenas danos materiais”, diz.
Para manter as atividades, o grupo adotou medidas como a disponibilização de centrais e rodízio de atendimento. “Com calma e compreensão, até que as coisas estivessem, pelo menos, dentro de um parâmetro sustentável. Entendemos que era necessário colaborar ainda mais, disponibilizando centrais para clientes e colaboradores, além de fazer rodízio em casos mais extremos de atendimento. Ficamos cerca de dois meses sem trabalho presencial e, mesmo após esse período, ainda enfrentamos dificuldades, pois nossa estrutura central está situada no centro, justamente onde houve um grande impacto”, explica Alberto.
A tecnologia foi um ponto importante. Segundo ele, sem a tecnologia seria impossível manter os atendimentos. “Mesmo com a mudança para o atendimento remoto, enfrentamos muitos problemas de internet, mas a tecnologia foi fundamental para garantir uma mínima qualidade no serviço”.
O valor do mercado
“Negócios recorrentes de serviços, como o mercado de corretores, tiveram, na minha percepção, um impacto menor. Quem tinha um alinhamento maior com seguros de vida passou com menos dor do que aqueles que foram diretamente afetados, especialmente clientes de seguros patrimoniais que suspenderam seus custos futuros. Vi muitos colegas desesperados, pois suas carteiras foram fortemente impactadas, e eles precisaram revisar suas operações e resultados de forma negativa”.
Em sua opinião, o evento no Rio Grande do Sul ensina que, em primeiro lugar, é importante não agir sem ter certeza. “Esse evento mostrou que clientes mais conservadores sofreram menos impacto, por acreditarem que o seguro é um grande alicerce quando tudo parece estar perdido. O impacto na economia e nas empresas fortaleceu o setor, que respondeu com seriedade e responsabilidade. Não saia de casa contando com a sorte, mas sim com a sua proteção e o seu seguro, dentro das suas reais necessidades. Isso faz toda a diferença”.
Segundo ele, a atuação do mercado segurador diante da tragédia gerou um impacto realmente forte. “Não apenas na visão do mercado, mas principalmente entre aqueles que passaram a compreender a importância do setor segurador. Ninguém espera por uma tragédia, mas é exatamente por isso que o seguro existe, para cobrir as perdas materiais e ajudar a amenizar a dor. Muitos clientes perderam seus negócios, maquinários e estavam em áreas fortemente impactadas. Logicamente, tiveram que se adaptar, e o que antes era supérfluo acabou se tornando um peso em suas finanças, impactando outros setores econômicos”.
Os ajustes necessários levarão alguns anos, mas, conforme o CEO da Life, o povo gaúcho, assim como todos os brasileiros, é guerreiro. “Como corretor, estou cumprindo minha missão. Como empreendedor, é sempre bom pensar em se proteger, mesmo que pareça impossível. E, como brasileiro, nunca dependa apenas do governo; faça também a sua parte, pois ninguém consegue suprir a todos em um momento com um impacto como esse. Seguro é vida, e isso se mostrou ainda mais real. Hora de retomar a vida, cada vez mais forte”, conclui Alberto.
Conteúdo da edição de agosto (267) da Revista Cobertura