Integração de empresas, desenho de cultura, criação de marca, portfólio de produtos e escolhas de sistemas marcam o primeiro ano do Grupo HDI. “A minha ambição é que, a cada ano, a companhia esteja melhor e progredindo”, destaca o CEO Eduardo Dal Ri
Carol Rodrigues
Na sede da HDI, na Avenida Engenheiro Luis Carlos Berrini, há um logo interno com a denominação de Grupo HDI. O objetivo é mostrar para os colaboradores ou para quem deseja trabalhar na seguradora que eles são um grupo. “Somos plurais, temos uma empresa de assistências, marcas e um monte de produtos. O nosso grupo não cabe em uma denominação. Nós poderíamos ter chamado de HDI Seguros, mas optamos por Grupo HDI Seguros”, descreve o CEO do Grupo, Eduardo Dal Ri.
Dal Ri é um jovem executivo habituado a desafios. Com formação técnica em ciências atuariais, ele é cauteloso e detalhista e todo o seu lastro no mercado de seguros e visão aguçada, o possibilitaram estar à frente de uma das aquisições mais importantes da história recente do mercado de seguros.
Ele entrou na HDI em 2000, saiu em 2011 e retornou 11 anos depois. Prestes a completar três anos como CEO e ao completar um ano da integração da Liberty, Dal Ri conversou com a Revista Cobertura.
Ele contou que a sua primeira experiência com aquisições em 2005 foi quando a HDI comprou a operação de auto e massificados do HSBC.
“Já tive desafios na minha carreira, mas esse foi o maior deles. Tive uma preocupação tremenda com a estabilidade dos nossos talentos. Não era só sobre mudar uma seguradora, mas também fazer uma integração e cuidar das pessoas. Após a aquisição, 80% do meu tempo foi cuidar das pessoas, pois não podíamos perder os talentos oriundos da Sompo Consumer, Liberty e HDI. Por isso, a reforma da nossa cultura”.
Ele lembra que é muito comum em processos de aquisições que a cultura predominante seja a da compradora. “Tive muito cuidado para rechaçar qualquer tipo de pensamento desse, tanto de quem estava vindo, como de quem já estava aqui. Pouco a pouco fomos construindo e chegando no que temos hoje consolidado, que é o Grupo HDI”.
A aquisição da Sompo Consumer e da Liberty Seguros foi muito além da incorporação de negócios. “Desde que começamos, falo que tem dois pontos importantes em termos de preocupação. O primeiro seria os corretores não acreditarem no projeto e se ressentirem. E o segundo eram as pessoas. Esses dois pilares têm que estar muito fortes”, destaca Dal Ri.
Na visão do executivo, integração de sistemas e criação de marcas é secundário. “Se tenho as pessoas fortes, que estão ali e acreditam no projeto e pouco turnover, conseguiremos ter a pluralidade de culturas”.
A prova disso é que no dia de nossa entrevista, eles estavam na Semana da Experiência do Cliente, algo oriundo da Liberty, agora Yelum, uma companhia do Grupo HDI.
“Quando entrei aqui precisávamos fazer muitas mudanças. Ainda não tínhamos feito aquisições, depois senti a necessidade de documentar o que entendíamos como cultura e propósito, e nossa ambição para o futuro. Ao ficar sabendo da Liberty, decidi esperar para fazermos uma construção conjunta. Revisamos a nossa cultura, para que todos que se sentissem representados. Assim surgiu a nossa frase-propósito: ‘aqui, a gente se importa pessoalmente’”, ressalta.
A ousadia da Yelum
A construção da marca Yelum também simbolizou um dos desafios de Dal Ri. Por que não tombar tudo da Liberty para a HDI e deixar sob uma só marca? Esse seria o mais simples a ser feito, mas não foi o caminho escolhido. “Fizemos o mais complexo, que é criar uma marca, antes mesmo da aquisição da Liberty. Um dos desafios que nunca tinha tido é a criação de uma marca”, conta ele que analisou a possibilidade de ter uma outra marca com a aquisição da Sompo Consumer. “Fiz uns testes e não deu tração. Com a Liberty foi diferente porque era uma companhia do tamanho da HDI. Antes de comprar, conversei com os acionistas e avisei que era uma companhia que estava brilhando no mercado e não cabia dentro da HDI. Se não tivermos uma marca para trazer a tradição e o legado da Liberty e da Paulista, disse que perderíamos muita produção”.
Dal Ri se engajou na criação de uma marca brasileira. “Tive que aprender, pois nunca tinha criado e me envolvido com uma marca do zero. Quisemos sair do negócio mais tradicional. É uma marca para você viver livre. Se tenho um seguro, consigo viver livre e me expor um pouco mais porque sei que tenho seguro”.
Segundo ele, a concepção da marca ajudou internamente com a cultura porque foi a primeira ação que os dois times, antes separados, fizeram juntos. “Começamos o projeto em 24 de novembro, quando assumimos a Liberty Seguros e todos puderem construir juntos. Ele ajudou muito na nossa cultura porque é uma construção nossa, como novo grupo”.
Estratégia
Segundo ele, tudo o que veio da Sompo Consumer está sendo migrado para dentro da marca HDI Seguros desde março de 2024. O processo será concluído em março de 2025.
Já com relação à Liberty, o tombamento já aconteceu e, desde novembro deste ano, a denominação da companhia não será mais utilizada. Agora será somente Yelum.
De forma geral, o Grupo HDI é formado por duas grandes marcas HDI Seguros e Yelum Seguradora, além da Aliro e da Fácil Assist, empresa de assistência 24 horas.
Dal Ri define o grupo como uma empresa multimarcas e multiprodutos. “Somos muito espalhados pelo Brasil. Em vários estados temos a liderança. Somos muito plurais no entendimento do corretor”.
Contudo, a HDI Brasil se tornou a maior operação do Grupo fora da Alemanha.
“Quando entrei na companhia eram R$ 4,2 bilhões em produção. Ano que vem vamos ultrapassar R$ 15 bilhões. É uma seguradora completamente diferente. É muito legal estar em uma companhia em que o aprendizado está nas paredes. Todos estão se acostumando com a empresa em que trabalhamos hoje”.
Agenda para o futuro
2024 foi um ano intenso. Como balanço, do ponto de vista de produção e resultado, foi um ano excelente, na visão do CEO.
“O Grupo HDI tem em sua estratégia o corretor de seguros, que cada vez mais precisa ser aparelhado e ajudado a ser propulsor do seguro no Brasil. Temos desenvolvido as nossas tecnologias para facilitar mais a vida do corretor para que ele se torne um angariador de negócios”.
A Fácil Assist é hoje uma das maiores empresas de assistências do Brasil. “Isso vai trazer melhores serviços para o cliente, mais tranquilidade para o corretor e mais flexibilidade para nós. Estamos fazendo as melhores escolhas entre as duas histórias que construímos”.
De acordo com o CEO, o Grupo tem uma agenda intensa de tecnologia. “A inteligência artificial é mandatória para a melhoria dos processos. Na precificação, está unificando as bases de dados, em busca do preço correto. Vamos continuar com uma agenda de lançamento de produtos. Estamos nos acostumando com o portfólio. A Sompo agregou Condomínio, Imobiliário, Vida e Sistema de Frota. Do lado da Liberty veio todo o portfólio de varejo e uma carteira bem sofisticada de vida”.
Além disso, a seguradora lançou dois produtos: fiança locatícia e agro cultivo.
Para manter a liderança e conquistar novos mercados, Dal Ri aposta na entrega com qualidade e no convencimento de que a companhia é a melhor opção para o corretor.
“Queremos mostrar ao corretor que ele vai ganhar muito nessa consolidação. Vamos continuar com várias opções nas marcas. Agregamos produtos que dão mais capacidade de aceitação e de risco. Depois de um ano ainda estamos nos acostumando com a companhia devido às tantas possibilidades que nós temos. Nós continuamos crescendo e isso é uma vitória”.
A HDI tem uma ambição muito forte de crescimento e nas regiões que ainda não é líder, como São Paulo e Rio de Janeiro, aposta no trabalho das assessorias.
A relação da HDI com as assessorias também foi intensificada em novembro deste ano. “O que a assessoria pensa do corretor tem de estar alinhado com o que acreditamos. Não quero ser a quinta opção de uma assessoria. Quero ser um dos principais parceiros. Focamos nas assessorias que colocam valor para o corretor, seja pelo atendimento pessoal, pela assistência técnica ou sistemas oferecidos”.
Dal Ri não descarta novas aquisições no futuro. “Temos trabalho suficiente para crescer organicamente com tudo o que compramos. Mas o nosso grupo é atento a aquisições inorgânicas dentro e fora do Brasil”.
Segundo ele, a autonomia oferecida pelo grupo o encanta e ressalta que conseguiu, com o apoio do time no Brasil, tomar as melhores decisões para a operação local.
“Acredito que, com o tempo e a nossa dedicação, vai florir uma empresa que não conhecemos hoje. A minha ambição é que, a cada ano, a companhia esteja melhor e progredindo”, conclui o CEO.
Conteúdo da edição de novembro (270) da Revista Cobertura